Você já foi chamado de “bebê”, “meu anjo” ou “querida” por alguém com quem se relacionava? Embora apelidos carinhosos possam parecer inofensivos — e até fofos — especialistas alertam que, em alguns casos, essas expressões podem esconder padrões de comportamento manipuladores e indicar que a relação está longe de ser saudável.

De acordo com especialistas, alguns apelidos são usados de forma estratégica, com intuito de ser um “papel de parede emocional” — uma camada superficial de afeto que encobre conflitos não resolvidos, falta de intimidade real ou até tentativas de controle.

Portanto, confira os três apelidos mais comuns que podem sinalizar que seu relacionamento está indo por um caminho perigoso.

1. “Bebê” ou “Babe” – Quando a intimidade é forçada demais

Ser chamado de “bebê” pode até soar romântico, mas quando esse tipo de apelido surge muito cedo na relação, é um sinal de alerta. O uso precoce de linguagem afetuosa pode criar uma falsa sensação de proximidade, mesmo quando ainda não há conexão emocional verdadeira.

Esse comportamento ativa hormônios como a ocitocina, que favorecem o apego e a sensação de segurança — mesmo que o relacionamento não tenha maturidade suficiente para sustentar isso. Ou seja, você pode se sentir ligado a alguém que, na prática, ainda não demonstrou confiabilidade nem profundidade emocional.

Sinal de alerta: Se você mal conhece a pessoa e ela já te chama de “babe” como se fossem íntimos há anos, cuidado com a idealização precoce.

2. “Querida” – Uma forma sutil de invalidar seus sentimentos

O apelido “querida” ou “meu bem” pode parecer gentil, mas em alguns contextos, ele é usado para minimizar preocupações legítimas. Frases como “Você está exagerando, querida” ou “Não pensa tanto, meu bem” podem parecer afetuosas à primeira vista, mas são exemplos clássicos de infantilização emocional.

Esse tipo de fala transfere a culpa para você e desvia o foco da conversa. Ao invés de discutir um problema de forma madura, a pessoa tenta encerrar o assunto com afeto superficial — invalidando seu ponto de vista e seu direito de expressar desconforto.

Sinal de alerta: Você se sente insegura ou ridicularizada quando tenta falar sobre algo sério e recebe uma resposta fofa, mas sem profundidade.

3. “Anjo” – Quando o carinho serve como distração

Apelidos como “anjo” também podem ser usados como muleta emocional para evitar discussões importantes. É comum em relacionamentos problemáticos o uso excessivo de carinho logo após brigas, numa tentativa de “apagar o incêndio” sem resolver a causa.

Frases como “Não fica assim, anjo” ou “Anjo, vamos esquecer isso” são tentativas de acalmar o clima sem assumir responsabilidades emocionais reais. Esse comportamento é conhecido como apaziguamento emocional — quando o afeto é usado para fugir do conflito, em vez de enfrentá-lo de forma construtiva.

Sinal de alerta: Você percebe que os problemas nunca são realmente resolvidos — apenas abafados por momentos de carinho forçado.

O problema não está no apelido, mas na intenção por trás dele

No entanto, lembre-se: os apelidos não são o problema. Em relações saudáveis, eles surgem naturalmente com o tempo, reforçam a conexão afetiva e ajudam a desarmar tensões.

O que diferencia um apelido saudável de um manipulador é o contexto em que ele é usado:

  • O apelido está substituindo uma conversa importante?
  • Ele surge logo no início do relacionamento, sem que haja intimidade real?
  • Está sendo usado para te silenciar ou desviar um conflito?

Se a resposta for sim para qualquer uma dessas perguntas, talvez seja hora de reavaliar o relacionamento.

Carinho de verdade não manipula, acolhe

Palavras doces têm poder — e em relacionamentos, esse poder pode ser usado tanto para aproximar quanto para manipular. Por isso, fique atenta aos sinais sutis que indicam quando o afeto se transforma em ferramenta de controle.

Relacionamentos saudáveis são construídos com diálogo, respeito e verdade emocional. Não aceite menos do que isso.

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