A escalada recente no Oriente Médio levantou uma pergunta preocupante: se Irã e Israel chegarem ao ponto de usar armas nucleares, isso geraria efeitos além da região, atingindo o Brasil?
Entenda agora os impactos reais e cenários mais prováveis.
Que tipo de explosão estamos falando?
Estima-se que as ogivas israelenses sejam similares à americana W‑76, termonucleares com poder de cerca de 100 quilotons, o que representa sete vezes mais força que a bomba de Hiroshima
Em um ataque sobre Teerã, por exemplo, uma bomba dessas causaria:
- Bola de fogo com raio ≈ 0,4 km, vaporizando tudo no entorno;
- Colapso de estruturas até ≈ 9 km e queimaduras de 3º grau até ≈ 4 km de distância
- Ambientalmente, falhas como nuvem de cogumelo e precipitação radioativa (fallout) se espalhariam pelas redondezas
O que seria sentido aqui no Brasil?
1. Impacto direto por explosão ou radiação?
Nenhum. A distância entre o Brasil e o Oriente Médio, cerca de 10.000 km, é suficiente para impedir qualquer efeito direto da explosão ou dos primeiros pulsos de radiação .
2. E o fallout radioativo?
Em teoria, fragmentos radioativos lançados na atmosfera poderiam viajar longas distâncias. Porém, fatores como ventos em altitude, chuva e diluição tornam improvável que partículas nucleares alcancem o território brasileiro em níveis preocupantes
Especialistas consideram esse risco extremamente baixo, pois a escala de transporte e dispersão é desafiadora para esses eventos .
Efeitos indiretos no cenário global
Apesar da distância, um confronto nuclear teria repercussões econômicas e políticas profundas:
- Preços de petróleo e gás disparariam devido a interrupções em rotas estratégicas, como Estreito de Ormuz e Canal de Suez
- Instabilidade em mercados globais, com potencial queda de ações, desvalorização de moedas e aumento da inflação .
- Crise humanitária no Oriente Médio criaria ondas migratórias e pressões geopolíticas, afetando governos e fluxos globais .
- Clima global pode ser afetado por fuligem e poeira na atmosfera: dependente da escala, poderia ocorrer um “inverno nuclear” local ou regional
Brasil e acordos nucleares
O Brasil é signatário do Tratado de Não‑Proliferação Nuclear (TNP) de 1970 e do Tratado de Proibição de Armas Nucleares de 2017
Esses acordos proíbem o uso de armas nucleares e diminuem as chances de seu uso. No entanto, durante conflitos extremos, existe uma ameaça de escalada ou uso acidental — embora seja um cenário considerado improvável
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