A morte segue sendo um dos maiores mistérios da humanidade. No entanto, quando o fim está próximo, o nosso corpo emite sinais. Um dos mais marcantes é um som específico, conhecido na medicina como estertor da morte.
Esse ruído, que pode parecer um gorgolejo suave ou um chiado úmido, geralmente surge nas últimas 24 horas de vida. Para quem está ao redor, pode soar assustador, mas a ciência mostra que ele não está ligado à dor ou sofrimento.
O que é o estertor da morte?
O estertor da morte é um som respiratório causado pelo acúmulo de secreções nas vias aéreas. Ele ocorre porque, nos momentos finais da vida, o organismo começa a desligar funções vitais — inclusive os reflexos que nos permitem engolir ou tossir.
Com isso, saliva e muco se acumulam na garganta e nos pulmões, produzindo um som quando o ar passa por esses fluidos. O resultado é um ruído que lembra um ronco molhado ou um leve gorgolejo.
Esse som significa sofrimento?
Não. Esse é um ponto muito importante.
O estertor da morte não indica que a pessoa está sofrendo. Em geral, quem está nesse estágio já se encontra em estado de inconsciência profunda, com pouca ou nenhuma percepção do ambiente.
Ou seja, por mais que o som incomode quem está ouvindo, a pessoa que está morrendo não sente dor ou angústia por causa dele.
O que pode ser feito para amenizar o estertor?
Embora não exista forma de evitar completamente o estertor da morte, é possível tornar o momento mais tranquilo para os acompanhantes. Os especialistas recomendam:
- Reposicionar a pessoa de lado: isso ajuda o muco a escorrer, reduzindo o som.
- Elevar a cabeça com travesseiros: melhora o fluxo respiratório.
- Higiene bucal com gaze úmida: alivia o ressecamento e melhora o conforto visual.
- Medicamentos antissecretivos: em alguns casos, a equipe médica pode usar remédios para reduzir a produção de fluidos.
- Evitar hidratação excessiva por via oral: isso pode agravar o acúmulo de secreções.
O foco deve estar sempre no conforto da pessoa em fim de vida e na tranquilidade emocional da família.
Quanto tempo resta após o surgimento desse som?
Em média, após o início do estertor da morte, a expectativa de vida gira em torno de 24 a 25 horas. Contudo, pode variar de acordo com o estado clínico da pessoa.
Outros sinais que costumam acompanhar esse estágio são:
- Respiração irregular ou pausas longas
- Pele mais fria e pálida
- Agitação involuntária
- Confusão mental ou delírios
Curiosamente, nem todas as pessoas apresentam o estertor. Estudos mostram que cerca de 40% dos pacientes em cuidados paliativos manifestam esse som nas últimas horas de vida.
A morte como parte da vida
O estertor da morte é apenas mais um dos muitos sinais que o corpo humano emite ao longo de sua jornada. Assim como o choro marca o início da vida, esse som sutil marca o encerramento de um ciclo.
Mais do que algo a ser temido, ele deve ser compreendido como parte do processo natural de desligamento do organismo.
Para os profissionais de saúde, esse momento exige técnica, humanidade e acolhimento. Para a família, pode ser uma chance de estar presente com dignidade e amor, mesmo diante da dor da perda.
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