A história da Igreja Católica quase teve um capítulo brasileiro inédito em 1978. Durante o conclave que sucedeu a morte inesperada do Papa João Paulo I, o cardeal Dom Aloísio Lorscheider, então arcebispo de Fortaleza, recebeu o número necessário de votos para ser eleito Papa.
No entanto, surpreendentemente, recusou assumir o trono de São Pedro. Décadas depois, enquanto os olhos do mundo se voltam para a eleição do novo Papa em 2025, o episódio ganha nova relevância.
Dom Aloísio Lorscheider: O Papa que o Brasil quase teve
Conhecido por sua atuação pastoral e por seu envolvimento com questões sociais, Dom Aloísio Lorscheider era uma figura respeitada entre os cardeais. Durante o conclave de outubro de 1978, ele alcançou os dois terços dos votos exigidos para ser eleito pontífice — um feito histórico para o Brasil e para a América Latina.
Contudo, Dom Aloísio recusou a eleição. Segundo relatos do teólogo Frei Betto, o cardeal enfrentava sérios problemas de saúde, incluindo uma cirurgia cardíaca complexa, na qual recebeu oito pontes de safena.
Ciente das exigências físicas e emocionais do papado — especialmente após o falecimento repentino de João Paulo I, que governou por apenas 33 dias —, Lorscheider decidiu não aceitar o cargo.
A repercussão na igreja e a eleição de João Paulo II
A recusa de Lorscheider gerou uma reviravolta nos bastidores do Vaticano. Em um momento de instabilidade e luto, os cardeais buscavam um nome que pudesse unir a Igreja e garantir estabilidade.
Dom Aloísio, apesar de ter deixado a disputa, foi peça-chave no redirecionamento dos votos. Ele trabalhou para consolidar o apoio dos cardeais latino-americanos e africanos em torno do cardeal polonês Karol Wojtyła.
O resultado foi a eleição de João Paulo II, o primeiro Papa não italiano em mais de 450 anos. Seu pontificado marcaria a história moderna da Igreja com profundas reformas, atuação política global e uma conexão singular com os jovens católicos.
2025: Novo conclave, novas expectativas
Esta semana, cardeais de várias partes do mundo despontaram como potenciais sucessores, inclusive nomes latino-americanos, enquanto o mundo católico se prepara para um novo capítulo, vale lembrar das vozes silenciosas que moldaram o curso da história — mesmo sem vestir o manto branco do pontificado.
Desta forma, no dia 8 de maio de 2025, a Igreja Católica testemunhou um momento histórico com a eleição de Robert Francis Prevost como o novo Papa, adotando o nome de Leão XIV. Este evento marcou a primeira vez que um norte-americano ascende ao trono de São Pedro.
Imagem de Capa: Reprodução/CFFB