Muitas pessoas passam a vida tentando se adequar a um ambiente, profissão, relacionamento, maneira de viver que nada têm a ver com elas; outras, tentando atender às expectativas alheias, carregando o mundo nos ombros, carregando até mesmo pesos que não lhes pertencem ao assumir responsabilidades de terceiros, tentando corrigir erros e preencher lacunas deixadas por quem vive de forma totalmente descompromissada em relação aos demais, num egoísmo patológico.

Sabemos que pessoas incompatíveis e até mesmo desagradáveis vão cruzar o nosso caminho, independentemente da nossa postura diante da vida. Sabemos que nem sempre as circunstâncias contribuem para uma existência feliz, porque as escolhas de terceiros e os acasos interferem em nosso cotidiano. Por outro lado, podemos escolher o que fazer com aquilo que nos aconteceu.

Algumas pessoas conseguem ressignificar experiências dolorosas; outras passam a vida se lamentando.

Algumas pessoas se queixam de solidão, mas erguem muros diante de todos aqueles que tentam se aproximar; outras passam a vida criticando tudo e todos, mas são incapazes de fazer qualquer tipo de mudança para se sentir realizadas.

Há ainda aquelas que, apesar das dificuldades, vão à luta, quebram muros, constroem pontes entre si e seus desejos. Tentam, de forma incansável, atingir seus objetivos, pois sabem que nada cai do céu e precisam investir naquilo que faz o seu coração bater mais forte.

Tentar se adequar a um estilo de vida que não nos agrada, suprir as faltas deixadas por colegas de trabalho e estudo irresponsáveis, familiares negligentes, parceiros afetivos e amigos acomodados são formas de desperdiçar a vida.

Mais do que isso: tentar agradar a quem não demonstra nenhuma empatia por nós, investir tempo, dinheiro e energia em projetos e parcerias que nunca darão em nada, porque visivelmente o outro está desinteressado, são formas de desperdiçar a vida. Pessoas que investem o melhor delas naquilo e naqueles que mais amam tendem a ter uma vida mais expressiva e significativa.

Porque quando somos nós mesmos, atraímos pessoas e situações compatíveis com o nosso jeito de ser.








Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas. Escritora compulsiva, atriz por vício, professora com alma de estudante. O mundo é o meu palco e minha sala de aula , meu laboratório maluco. Degusto novos conhecimentos e degluto vinhos que me deixam insuportavelmente lúcida. Apaixonada por artes em geral, filosofia , psicanálise e tudo que faz a pele da alma se rasgar. Doutora em Comunicação e Semiótica e autora de 7 livros. Entre eles estão "Como fazer uma tese?" ( Editora Avercamp) , "O cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da Educação" ( Editora LTC) indicado ao prêmio Jabuti 2013. Sou alguém que realmente odeia móveis fixos.