Ela pediu um café forte e preto, mas queria mesmo uns abraços apertados e um par de ouvidos atenciosos. Segundos após, ordenou o açúcar. Vai ver – no fundo – ela queria adoçar não só o seu café forte e preto, mas a sua própria vida.

Garotos bobos e infantis vem e vão, mas nunca em vão. De tudo e todos tiramos alguns aprendizados, inclusive de nossos relacionamentos mal-acabados. Logo-logo aquele rapaz que pisou nas tuas feridas só será mais um rapaz do cabelo bonito em meio a tantos outros que ainda lhe farão feliz. Não vale a pena derramar tantas lágrimas por quem não deseja te roubar sorrisos.

Talvez vocês até teriam dado certo se tivessem se conhecido em outra ocasião, em outra época, em outros lugares. Contudo, quem sabe, Deus teve ter rabiscado o teu encontro em outra esquina, de outra praça, por outro café. Mas não agora. Você não está pronta. Ainda não.

Talvez quando o garçom aproximar-se da tua mesa, você ordene outro café. E caso ele insista no mesmo questionamento de; Como-alguém-no-mundo-pode-ser-tão-idiota-de-fazer-uma-guria-bonita-como-ela-chorar-a-esta-hora-da-noite? Você o responderá dizendo; Garçom, por favor. Me traga um café adocicado pois o último veio amargo demais. E se por algum motivo ele entender a metáfora, vai sentar-se ao teu lado e te roubará alguns sorrisos bobos. Aí, quem sabe, você dois terão cinco filhos morenos, um cachorro adotado e uma linda casa no campo recheada de cafés pretos e fortes.

Em cada esquina que você cruzar, uma história diferente vai ser contada. Eu sei disto. Você sabe disto. Ela também sabe. Por cada estrada em que você percorrer com os teus pés cansados, sentimentos novos preencherão o teu peito. É como sentar numa mesa de um café no centro e enquanto o garçom vai buscar o teu descafeinado, alguém irá aproximar-se de tua pele e um novo sorriso largo cruzará com o teu e você perceberá que tudo tem a sua hora, o seu lugar, a sua época, o seu momento. Eis aqui a metáfora perfeita pra tudo na vida;

Você já esperou por tempo demais na fila de uma roda gigante até chegar a tua vez?








Apaixonado pela poesia feminina. Acredito fielmente que o amor seja o infinito que resolveu morar no detalhe das palavras. Muito prazer, eu me chamo Pedro Ficarelli, e escrevo com o único intuito de pôr palavras onde a tua dor se faz insuportável.