Eu odeio porque quando você me abraça não costuma me envolver nos teus braços, apenas me segura por uns segundos e me solta logo em seguida apressado para ir embora como quem precisa salvar o mundo ou coisa assim. Eu odeio o fato de amar você porque quando você me visita nos sábados à noite, não costuma invadir o meu peito com intenção de ficar. Parece estar sempre com os teus pensamentos longe daqui, imaginando como vai ser o teu futebol no domingo de tarde ou a tua prova de cálculo na segunda pela manhã.

Eu odeio te amar porque quando você me beija eu não sinto que você sente a mesma coisa, sabe? Eu odeio o fato de você andar ao meu lado mas não ser o meu companheiro. Odeio saber que você me visita mas não tem intenção de fazer morada dentro de mim. Eu odeio o fato de não conseguir colocar ninguém aos teus pés que me faça sentir tão bem quando você permanece junto de mim, assim bem de pertinho. Eu odeio saber que você é a única pessoa que eu não consigo deixar de escolher, e mais ainda, eu odeio saber que nem dentre as tuas escolhas eu me encontro.

Eu queria ser esta tua pressa-apressada só para saber que você me alcançaria logo logo. Eu queria ser o mundo inteiro em perigo só para que você me salvasse das dores bandidas nas madrugadas solitárias. Quisera ser o teu futebol dos domingos ou a tua prova chata da segunda, apenas para que você precisasse de mim só por uns minutos, e logo depois disto, a gente contasse ao mundo o quanto a gente se ama quando estamos perto um do outro.

Eu morro de amores pelo teu jeito desastrado, pela tua barba mal feita, pelo teu cheiro tão teu e meu, mas eu sei que você nem repara nos meus gestos, ou nos meus gostos, ou nas minhas vontades. E eu odeio o fato disto tudo ser verdade. Odeio os teus olhos verdes perfeitos. ODEIO A TUA MARCA DE NASCENÇA NO CANTO DA BOCA. ODEIO A TUA FALHA NA SOBRANCELHA ESQUERDA. DROGA. ODEIO TUAS… TEUS… EU TE ODEIO. Odeio por não saber me amar da mesma maneira que eu tanto insisto em te mostrar.

Eu odeio o fato de sentir a tua falta depois que você fecha a porta da minha sala e eu fico sussurrando baixinho;

Fica.

Por favor.

Fica.








Apaixonado pela poesia feminina. Acredito fielmente que o amor seja o infinito que resolveu morar no detalhe das palavras. Muito prazer, eu me chamo Pedro Ficarelli, e escrevo com o único intuito de pôr palavras onde a tua dor se faz insuportável.