Fugindo do clichê, filme mostra que nem todas as histórias de amor podem ter um final feliz…

Fugir do óbvio pode se tornar algo extremamente interessante ou condenado ao fracasso, pois quando se evita o clichê, o resultado geralmente ou é muito bom ou muito ruim, sem meio termo. No caso de 500 Dias com Ela, filme de Marc Webb (sim, o mesmo de O Incrível Homem-Aranha), o resultado não poderia ter sido melhor.

Além de a história ser contada de forma não linear – algo que particularmente gosto muito, desde que li Virginia Woolf – a comédia romântica evita o óbvio ao mostrar o amor do jeito que ele é: sem idealizações. Não é mais um filminho da menina desajustada que fica com o garoto mais popular da escola, ou dos melhores amigos que magicamente se descobrem apaixonados e ficam felizes para sempre.

Como já é dito na abertura do filme, não se trata de uma história feliz, o que já é um aspecto interessante, porque na vida nem todas as histórias são felizes, por que então retratá-las dessa forma nas telonas?

Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zooey Deschanel) aparentemente formam o casal perfeito, mas acontece que eles não ficam juntos no fim da história. É triste, mas acontece todos os dias, em vários lugares, com inúmeros casais “perfeitos”.

Os dois podem gostar das mesmas músicas, partilhar os mesmos sonhos, trocar o mesmo olhar apaixonado, mas ainda assim não ter um final feliz. Às vezes um pode estar em um momento da vida totalmente oposto ao do outro; às vezes um pode almejar novos horizontes; e às vezes o amor pode acabar. Sim, ele acaba. E o pior é que é possível que isso aconteça apenas para uma das pessoas.

E é exatamente o que é retratado em 500 Dias com Ela. Summer havia deixado claro que não gostaria de se envolver. Tom pensou que conseguiria mudar isso, mas não o fez. Outra pessoa, entretanto, conseguiu. É fato que mesmo as pessoas que afirmam que não querem se envolver podem, sim, mudar de ideia, desde que encontrem a pessoa adequada para isso. Tom pensou que seria ele, mas não foi.

500 Dias com Ela mostra, ainda, que uma pessoa nunca deixa a outra por completo. Um relacionamento – com troca de conhecimento, experiência e visões do mundo – transforma as pessoas envolvidas, que nunca mais voltam a ser como antes. Tom mudou a vida de Summer, que mudou a vida de Tom. Pouco importa se ficaram juntos. No fim, o impacto que uma pessoa causa na vida da outra é tão grandioso quanto o amor que vivenciaram juntas.








Bruno Inácio é jornalista e apaixonado por café, literatura, cultura pop e rock clássico. É autor de quatro livros e responsável pela página "O mundo na minha xícara de café", no Facebook, onde publica seus rabiscos (quase) poéticos.