Em janeiro eu escrevi em um caderninho 21 metas para cumprir ao longo desse ano. Algumas eu consegui cumprir completamente, outras pela metade e algumas eu nem cheguei a tentar.

E enquanto eu as escrevia não poderia imaginar o que viria pela frente. Não sabia que esse ano traria sobre mim dores que eu antes imaginava insuportáveis, perdas abruptas e um buraco que se abriu na alma que quase me consumiu por inteira.

Eu não fazia ideia.

Era apenas eu e uma listinha boba de sonhos, vontades e planos.

Eram somente palavras que faziam sentido apenas para mim e então me deparei com situações das quais sempre me esquivei, sempre fugi e fazia de tudo para me esconder delas porque não queria vive-las.

Assim houve duas grandes lições para mim esse ano: posso ser machucada mesmo ao me proteger e posso perder quem mais amava por mais que o quisesse para toda a vida.

A primeira é que por mais que eu me protegesse acabaria sendo machucada. Que é inevitável se ferir. Você pode guardar seu coração em um lugar alto e não deixar ninguém se aproximar da torre que você construiu, mas em algum momento, quando você menos esperar, estará lá no topo a pessoa que escalou a torre só para pegar seu coração.

Então vêm os momentos de felicidade, os risos, as borboletas no estômago, e então a montanha russa dá aquela curva e começa a descer.

Por mais que havia tentado, não conseguiu se proteger como gostaria. Mas sabe o lado bom disso? Se permitir. Não ter deixado o peito totalmente fechado, porém ter deixado uma luz entrar pela fresta e aquecer o que estava frio.

A outra lição é que em algum momento eu seria aquela que perderia uma pessoa amada. Achava que isso só aconteceria nas outras família e que nunca chegaria na minha. Até que em uma noite de julho eu recebi a noticia que me levou ao desespero: meu pai havia falecido.

No meio de 7 bilhões de seres humanos no planeta ele havia sido levado por permissão de Deus e eu ficara aqui tentando me recompor, ao passo que tentava ser forte pelas outras pessoas que também ficaram e precisavam desesperadamente da minha ajuda.

E então me vi no meio de algo que eu sempre imaginei uma dor insuportável: a morte. Mas sabe o que eu percebi? Que eu era mais forte do que havia imaginado porque a força que tinha em mim vinha do alto, vinha de Deus. E foi por causa Dele que a dor não me consumiu e recebi o maior consolo através do abraço da Pessoa do Espírito Santo.

Entretanto, não posso resumir meu ano em perdas, choro e decepções. Não posso dizer que nesse ano eu tenha apenas experimentado da dor e tentado me levantar de diversas quedas, porque não foi assim. E eu sei que com você também não foi desse jeito. Pode até ter tido seus momentos ruins e pode ter também perdido alguém que amava muito. Pode ter se sentido perdido, sem chão, sem rumo, sem esperanças, mas eu sei que em algum momento teve também sorrisos, paz e que recebeu amor de quem menos esperava. Porque eu tive fases boas, aonde conheci pessoas de alma bonita que deixarão marcas em mim para o resto da vida e cada uma delas trouxe algo novo para mim, assim aprendi a ser alguém melhor através desses relacionamentos. Acabei ficando mais tolerante, amorosa e empática. Vi que Deus cuida de mim nos mínimos detalhes e que tais pessoas vieram quando eu mais precisei. Serei eternamente grata.

Por isso, peço que nesse momento você reflita sobre o que foi bom, o que te fez rir, o que te arrancou suspiros e deixou sua alma em paz. Peço que jogue no mar do esquecimento as dores, os machucados, as ilusões, e que nunca vá lá pesca-los de volta. E se ainda não falou com Deus, tente conversar um pouco com Ele e exponha o que está doendo, pois Ele pode te sarar. Ademais, traga a sua memória apenas aquilo pelo qual você é grato. Eu sei que tem algo para agradecer, talvez não seja muita coisa, mas eu sei que existiu em algum momento luz no meio da escuridão, brisa leve para levar embora a tempestade e paz para trazer fim a alguma guerra interna. Lembre-se do que você aprendeu, daquilo que você sempre quis fazer e antes não conseguia. Pense nos lugares por onde passou e nas pessoas novas que conheceu. O mundo é tão vasto e é uma chance incrível você ter topado com algumas pessoas, e você não seria o mesmo se não as tivesse conhecido.

Porém, imagino que possa ser mais fácil se agarrar ao que doeu, as quedas que levou, as portas que foram fechadas, as pessoas que te prometeram algo e não cumpriram, mas não é tempo para se apegar a nada disso. Agora é o momento de reflexão e recomeço. É tempo de perdoar a si mesmo e perdoar aos outros, pois perdão é libertar sua alma da prisão que a mágoa, o ressentimento e a raiva querem construir. É se permitir começar do zero se preciso for. É não deixar que términos definem o resto da sua vida, mas dizer a si mesmo que você merece uma nova chance e que irá tentar ser a melhor versão da pessoa que gostaria de ser. Por fim, peço que deixe as feridas serem curadas, que permite o amor adentrar novamente na sua vida e o deixe aí morar. Você tem tanto ainda para conquistar e seria uma pena te ver preso ao passado que não consegue esquecer. Abrace o novo, se permita sonhar de novo e haja com sabedoria rumo á felicidade. Vá sem medo, pois se cair haverá os braços de Deus para te segurar.








Tatielle Katluryn, florescida em 1996, com sangue Maranhense e coração pertencente ao céu. Sou cristã e estudante, apaixonada por livros do séc. XIX e Astronomia. E Deus me chamou para falar aquilo que Ele quer dizer as pessoas, para levar a paz a corações tão ansiosos quanto o meu. É tão linda a forma que Ele me cuida enquanto me usa para fazer sua vontade e só tenho a agradecer por tamanho amor que me consertou sem eu merecer.