Há um ditado que diz: “Gato escaldado tem medo de água fria”. Isso serve para diversas situações da vida, e significa que aqueles que sofreram com alguma situação, farão de tudo para que ela não se repita.

Você não precisa viver blindado, se protegendo de sentir demais, amar demais, confiar demais. Porém, é necessário aprender a se resguardar, a se preservar, a não entregar seu coração para qualquer um, a não expor suas dores de graça nem ser publicitário de suas dificuldades e carências.

Jamais estaremos imunes a sermos machucados pelas circunstâncias da vida. Viver é um exercício de resiliência e aprendizado, e somente aqueles que não se aprofundam, preferindo viver superficialmente, não se expõem aos riscos. Mas também não vivem. Também não experimentam os desatinos e delícias de amar profundamente; não conhecem o gosto salgado da pele que transpira e dos olhos que choram; não saboreiam a conquista da intimidade e a dor da vulnerabilidade com a mesma coragem.

Porém, às vezes a gente se confunde. E sente falta de um relacionamento ruim por causa das emoções oscilantes que ele proporcionava. Essa adrenalina vicia. Você pensa que sente falta da pessoa, mas o que está fazendo falta é a emoção _ nem sempre positiva _ que a relação despertava em você. E agora que está livre e pode surfar em águas mansas e cristalinas, você se pergunta onde foi parar aquela tempestade que te movia.

Não caia nessa. Você não vai se curar voltando para o que te deixou em cacos. Você não vai se reerguer reprisando a mesma história dolorosa. Pois as pessoas não mudam, e aquilo que te machucou e te fez menor do que realmente é, não pode se repetir. Não há segundas chances para aquilo que um dia te causou dor e sofrimento. Não há segundas chances para aquilo que algum dia te despedaçou. Só quando você aprender a recusar a dor, irá adquirir amor próprio. Só quando você desistir de tentar compreender o incompreensível, irá conquistar uma fé enorme em si mesmo.

O que nos cura não é o retorno para aquilo que nos feriu. O que nos cura é deixar de tentar consertar o que não tem conserto e parar de dar desculpas para justificar nosso desejo de olhar para trás, para aquele lugar de dor e sofrimento. O que nos cura é dar um basta à tentação de imaginar que as coisas poderiam ser melhores se a gente tivesse agido diferente. O que nos cura é nos redimir pelo que não deu certo e seguir em frente dando uma nova chance à bela e dolorosa passagem do tempo…








Nasceu no sul de Minas, onde cresceu e aprendeu a se conhecer através da escrita. Formada em Odontologia, atualmente vive em Campinas com o marido e o filho. Dentista, mãe e também blogueira, divide seu tempo entre trabalhar num Centro de Saúde, andar de skate com Bernardo, tomar vinho com Luiz, bater papo com sua mãe e, entre um café e outro, escrever no blog. Em 2015 publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos os Afetos" e se prepara para novos desafios. O que vem por aí? Descubra favoritando o blog e seguindo nas outras redes sociais.