A vida ensina que o melhor é não esperar nada das pessoas. E o tempo só prova que ela está certa. Quantos castelos você já construiu a partir do que as pessoas disseram que aconteceria, que fariam e até que não fariam mais? Quanto mais esperamos delas, maior a frustração. A altura do castelo de expectativas que criamos, é a altura do tombo quando percebemos que tudo foi ilusão. Desconstruir expectativas é um mal necessário.

Hoje senti uma saudade enorme do tempo da infância em que minha preocupação era pegar um lençol e fazer uma cabaninha com ajuda dos meus avós e do meu tio. Naquela época eu sabia que era hora de sair dali, quando a Vó gritava da cozinha “vem almoçar, está na mesa”. Lembrei também da época da pré-adolescência em que era o máximo me imaginar aos 30 anos. Era algo longe ainda e uma época em que eu me imaginava bem demais.

Como se a vida fosse fácil. Como se a maturidade trouxesse só flores. Amo ter meus 30 anos. Mas amo ainda mais ter percebido, ainda que na dor, que é melhor não esperar nada das pessoas. A gente tem a péssima mania de projetar nas pessoas o que gostaríamos que elas fossem.

Mas dia, menos dia, elas nos decepcionam da pior forma. Mas a culpa é de quem? Nossa. A gente que cria personagens.

Achamos que a amiga pensa como a gente. Que os familiares vão sempre estender a mão. Que os colegas de trabalho vão entender quando estivermos num dia ruim. Que o chefe, baseado nas tantas vezes em que deixamos nossos compromissos de lado; vai entender quando pedirmos uma folga.

A vida adulta tem disso: desapontamento com pessoas. E quanto maior a proximidade, maior o nível de decepção. Acredite: é a coisa mais normal do mundo. Com o tempo a gente aprende até onde confiar, até onde dar intimidade, até onde abrir nossa vida para as pessoas.

Existe um quê de bom nisso tudo: as dores, decepções, desilusões, nos tornam mais fortes. Sempre ensino que o mínimo que acontece após uma tempestade, é ficarmos mais fortes. Não li isso em lugar nenhum. Não ouvi em palestra.

Aprendi vivendo. Dando a cara pra bater e apanhando. Confiando nas pessoas e vendo o quanto estava enganada. E assim, em meio a tanta decepção com pessoas, percebi que a gente cria personagens. Projetamos muito em quem convivemos.

Tem familiares seus, que não estão nem aí pra você. Tem colegas de trabalho que só querem saber do horário de ir embora. Seu chefe é do tipo “venha a nós, vosso reino nada”. Sua amiga vai achar um absurdo uma saída pra um problema que você encontrou.

Acontece! É a vida! São as pessoas! Não há como fugir. Quanto menos esperar delas, melhor.








É graduanda em Psicologia, tem 32 anos. Como o que faz o mundo dela girar, são as pessoas, trabalha com Recursos Humanos. É mineira, bem casada com um Gaúcho lindo. Mora em Porto Alegre desde 2012. Está sempre lendo e ama escrever. Se sente rica, por ter vários livros em uma estante que é o seu tesouro. Ama se engajar em causas sociais, crê que a única coisa que levamos desse mundo, é o que plantamos. E que as boas obras, são fundamentais.