Eu sempre disse que jamais perdoaria uma traição de namorado ou amigo. Eu achava que estaria sendo justo comigo mesmo não perdoando, sabe? Porque eu nunca consegui entender o motivo pelo qual uma pessoa mente, trai e toma atitudes mesmo sabendo que vai machucar o outro. E por não conseguir entender tudo isso, eu achava que se alguém me machucasse eu não deveria perdoar. Deveria seguir o meu caminho e pronto. Até entender que perdão não se trata de justiça, e que não perdoar é como uma pedra que entra no sapato, a gente tenta parar pra tirar, incomoda, faz a gente perder tempo. Perdoar tem muito mais a ver com não abarrotar sentimentos desnecessários dentro de você, não guardar o que nunca vai te trazer paz nem fazer diferença na tua vida. Quando percebi que não perdoar só me fazia mal, me permitir fazer essa limpeza interna e jamais guardar rancor de alguém.

Talvez perdoar seja uma das coisas mais difíceis, e uma das atitudes mais genuína que você pode ter, não exatamente pelo outro, mas por você e com você mesmo. Quando você não consegue perdoar, você acaba se tornando o seu próprio prisoneiro.

Perdoar é fazer uma faxina dentro de você, é se livrar de todo rancor que alguém te deixou e estender as mãos pra si mesmo. Perdoar acreditar que vai ficar tudo bem e mais que isso, é saber que tudo vai ficar bem porque você se desfez de todo ódio e mágoa que não te permitia continuar. Perdoar é acreditar que a dor deve ir embora junto com o passado, que o presente bate na tua porta te pedindo um sorriso sincero e que o futuro te aguarda de braços abertos depois disso.

Perdoar não é esquecer o mal que alguém te fez, perdoar tem muito mais a ver com aprender a lidar com a dor e o desconforto que alguém te causou. É entender que você precisa continuar, que a mágoa só te tira o sono e não vai te levar a lugar algum. Perdoar é ser sábio o suficiente pra perceber que os seus ressentimentos não vão fazer diferença na vida do outro, mas sim, diretamente na sua vida.

Se permita perdoar alguém. Você não precisa ligar pro outro pra falar em perdão, não precisa olhar nos olhos do outro e dizer que naquele instante você está o perdoando. Perceba que o tempo passa depressa e tente não deixar que as suas manhãs passem em vão. Permita que a tua parte de fora tenha um encontro com a tua parte de dentro, reflita, pensa consigo mesmo se realmente valha a pena guardar mágoa de alguém dentro de você. Pergunte pra si mesmo quem a tua mágoa machuca, a resposta será seca e direta: somente você.

Entenda que se alguém te decepcionar, independente do machucado, da profundidade da cicatriz que esse alguém te deixar, em algum momento da tua vida você vai precisar perdoar.

Perdoar é um processo que acontece naturalmente. É um exercício de aprendizado diário com a vida, com as pessoas e com você mesmo. Entenda que a vida não é tão simples quanto você pensa, que as pessoas vão te decepcionar, vão mentir pra você, vão jogar todo o amor que você entregou no lixo. As pessoas provavelmente vão te trair de maneira que você não vai saber onde está o chão, as pessoas vão te dar rasteiras, você vai cair mas precisa aprender a levantar e seguir em frente. Tudo, absolutamente tudo vai te fazer mais forte se você não se permitir enfraquecer, e olhar a vida de forma mais otimista.

Perdoar não significa exatamente que o outro mereça o teu perdão. Mas perdoar significa que você não merece levar pesos na tua caminhada. Deixe que a vida toma conta de ensinar as pessoas. Deixe que elas aprendam com os erros delas. Apenas perdoe, você precisa seguir sem peso e em paz.








Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .