Um dia a gente aprende a dar valor para o que é mais importante e entende que certas coisas não são de nossa responsabilidade. Essa compreensão não nos torna invencíveis, mas transforma a nossa capacidade de resiliência. Se olharmos ao nosso redor, e devíamos fazer isso todos os dias, percebemos que o tempo é um trem que se movimenta em alta velocidade e que poucas vezes nos damos conta do quão acelerado ele é.

O mundo gira e quem impulsiona esse círculo é o tempo. Nesse relógio da vida somos os ponteiros que fazem tic tac na parede da cozinha. Por que não aproveitamos o poder que temos de controlar o nosso tempo? Por que perdemos esse tempo querendo resolver aquilo que não está ao nosso alcance? Por que mendigamos tanto afeto quando nosso coração já é uma fonte genuína de amor?

A resposta é simples: porque ainda não compreendemos o que estamos fazendo aqui. Porque achamos que os outros têm obrigação de fazer por nós tudo o que fazemos por eles. Porque não aprendemos a valorizar nossa presença, nossa companhia, nossa importância. Exigimos que as pessoas façam exatamente aquilo que nós não fazemos.

É isso, só pode ser isso. Mais do que o aprendizado adquirido, vale o processo da aprendizagem, esse que não acaba nunca e nos dá a oportunidade de fazer tudo de novo. A reforma mais importante está além da garagem para o novo carro ou o puxadinho da casa da Maria.

A reforma mais importante acontece dentro do peito, sem tijolo, sem cimento. A obra da nossa vida é interna, nunca externa. Valorizar quem somos e quem realmente está conosco é a base da construção. Adquirir sabedoria para não implorar a presença de ninguém e entender que reciprocidade não tem a ver com obrigatoriedade é um bom caminho.

Ou aprendo a doar sem receber em troca ou paro de dar de mim para quem não dá de si. A escolha é minha por direito, sem preceitos, sem chance para julgamento. Estamos nesse mundo para edificar, não somente para construir. Você até pode construir um castelo inteiro sozinho, mas não vai edificar andar algum sem parceiros. Acredite, tem diferença.

O que desejo? Que a gente siga para cima sem pisar em ninguém, que nossa edificação seja repleta de amigos loucos para subir conosco e que nosso amor próprio seja o combustível para chegar lá no alto sem carregar nenhuma muleta.

Um dia a gente aprende a identificar os companheiros no meio da multidão, a gostar do espelho e de tudo o que ele reflete no mundo. Um dia a gente chega lá, devagarzinho, pé por pé, sem atropelar nossos limites, sem forçar a barra e sem permitir que quantidade substitua qualidade. Mais importante do que chegar em primeiro lugar, meu amigo, é chegar com dignidade.








Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Não estou muito preocupada com meus créditos, eu quero saber mesmo é do que me arrepia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.