É. Tem gente que se acha. Que anda pelas ruas com o nariz procurando a lua, e vive só na sua, ignorando os outros. Acha que se devem abrir-lhe todas as portas, estender tapetes, e um salve em cada chegada. Tem gente que quer glamour em tudo. Acha um absurdo se não for assim.

Tem gente que vive tão fora da realidade que não anda, flutua. Está sempre um tanto acima dos outros. E do alto, não se mistura e não se enturma porque no seu mundo, só se interessa por si mesmo e pelo rei que caprichosamente pôs em sua barriga.

Esse é o fardo de quem se acha. Que pensa ser acima de qualquer suspeita, no cume da inteligência, repleto de si e da sua pretensa beleza. Talvez até tenha mesmo um potencial para se destacar, mas esqueceu-se de perguntar se os outros concordam com isso. Talvez ainda não saiba que esta não pode ser uma eleição por aclamação pessoal.

É triste a realidade de quem se dá valor acima do índice recomendado, ignorando o fato de que quanto mais se envaidece, menos valor consegue reputar na sociedade. Só admiram superegos aqueles que compartilham de gostos parecidos, numa competição que mais dias menos dias vai gerar dúvidas sobre quem se acha mais.

Vale citar um pensamento bastante conhecido que afirma que “não existe verdadeira inteligência sem bondade”. Ouso dizer que nem beleza existe. Por que nos causa incômodo a condição de quem se sente superior, e a partir disso, passamos a enxergar seus temidos pontos fracos.

Talvez falte quem os coloque no lugar, ou quem lhes tente abrir os olhos; Quem lhes avise que é necessário que as pessoas o reconheçam como tal, para que isso se torne unânime e legítimo. Não adianta se lançar contra a opinião dos outros, porque se ficar claro que um individuo se acha demais, é fim de carreira. Horas e horas de culto a si mesmo estarão perdidas.

Pra não correr esse risco, contenha-se sempre em si, mesmo que pense ser ou ter feito algo sensacional. Deixe que as pessoas à sua volta cheguem a essa conclusão. E seu status de pessoa especial estará garantido e irrefutável.
Caso contrário, e mesmo que não o queira, você vai ser só mais uma bolacha, no fundo do pacote.








Administradora por profissão, decidiu administrar a própria casa e o cuidado com suas duas filhas, frutos de um casamento feliz. Observadora do comportamento alheio, usa a escrita como forma de expressar as interpretações que faz do mundo à sua volta. Mantém acessa a esperança nas pessoas e em dias melhores, sempre!