Dia desses um antigo amor me mandou mensagem numa rede social. Uma daquelas mensagens onde as milhares de palavras não significam nada, sabe? Cheia de “você é uma pessoa maravilhosa”, “torço pelo seu sucesso”, “você merece ser feliz”, “conte sempre comigo” e etc.

Não me entenda mal, eu, como qualquer outra pessoa, adoro receber palavras gentis inesperadas. Mas bem, desde que as palavras sejam realmente sinceras.

O que não era o caso.

Afinal, como acreditar em uma pessoa que quando teve todas as oportunidades de me fazer sentir maravilhosa, contribuir para o meu sucesso, me fazer feliz e estar ao meu lado, escolheu justamente o oposto de tudo isso?

Ele diz que eu sou maravilhosa, mas já me fez sentir o ser mais miserável.

Ele diz que torce pelo meu sucesso, mas já foi a razão dos meus piores dias de queda.

Ele diz que eu mereço ser feliz, mas por muito tempo foi a minha infelicidade.

Ele diz que eu posso contar sempre com ele, mas quando eu mais precisei, ele não estava lá.

O que ele esperava? Que eu simplesmente esquecesse e fingisse que nada aconteceu?

É isso o que as pessoas esperam quando machucam as outras?

Preferem contar com coração remendado e memória curta, ao invés de terem um pouco de responsabilidade sentimental?

É tão difícil assim ter cuidado, ser sincero e agir corretamente?

O que eu quero dizer é que não acredito em palavras que vão contra ações, entende?

Acredito que as pessoas são o que elas demonstram ser, e não o que elas dizem ser.

E ele não era o cara que dizia ser agora.

Ele era o cara que no passado me arrebentou sentimentalmente sem nenhum pingo de hombridade e dignidade e que agora tentava enganar o karma com meia dúzia de palavrinha bonita.

Esse era ele.

E eu, bem, eu era a pessoa que definitivamente não ia servir de água e sabão para a consciência pesada dele.

Pessoas começam e terminam relacionamentos todos os dias, e mesmo que o fim eventualmente doa em um dos lados, ele não precisa ser recheado de falta de caráter e desleixo emocional.

Se uma pessoa realmente se importa, ela não será leviana com os sentimentos do outro.

Eu sei que esse texto pode parecer rancoroso, mas não é.

Eu não guardo rancor. Não desejo o mal dele e nem de ninguém que já me machucou. Não é nada disso.
O que passou, passou.

Eu apenas não sou obrigada, entende?

Eu perdoei. Posso nunca entender e nem aceitar, mas precisei perdoar para conseguir catar os meus caquinhos e seguir em frente.

Mas me recuso a esconder as minhas próprias cicatrizes.

E essa é uma obrigação que eu tenho comigo mesma.

Que tipo de mensagem eu estaria passando se deixasse um alguém entrar na minha vida, quebrar-me em pedacinhos, e depois de muito lutar para me reerguer, agir como se não tivesse sido dolorido e difícil?

Meus sentimentos não são bagunça.

Minha vida não está aberta para qualquer pessoa entrar e fazer o que quiser com ela.

Eu exijo cuidado!

Porque se for para não ter o mínimo de respeito com os meus sentimentos, eu prefiro que nunca mais passe nem na calçada da minha vida.








Aprendeu a ler antes mesmo de conseguir segurar um livro e descobriu neles o que queria fazer para o resto da vida. Além do blog cuida de 3 gatos e é autora do livro “Fique com alguém que não tenha dúvidas”, lançado pela editora Única.