Viajar é uma paixão!

Quem gosta de viajar, quem está sempre viajando ou com a próxima ideia de viagem na cabeça, sabe que viajar pode servir para tudo isso (e mais um pouco):

Viajar serve para quebrar o comodismo que cega os dias. Para renovar as energias, romper a rotina, mudar o ritmo, para se desligar de tudo, desacelerar. Viajar serve para respirar.

Viajar serve para sair da bolha, para perceber outros modos de enxergar o mundo, tentar compreende-los e entender que a sua visão de mundo também é relativa.

Viajar é um ótimo exercício de respeitar as diferenças.

Viajar serve para mudar o corpo e a alma, para perder os medos, para passar apertos e ver como você lida com imprevistos no caminho. Viajar serve para desapegar, para ver que o que é supérfluo pode virar peso e atrapalhar a caminhada.

Viajar serve para experimentar sabores, texturas, para quebrar conceitos, para descobrir maravilhas que você nem imaginava.

Viajar pode servir para aprender novas línguas, para aprender a se comunicar de diferentes formas, com diferentes pessoas, de diferentes culturas, classes, idades…

Viajar serve para silenciar.

Viajar serve para ler um livro inteirinho de uma vez só.

Viajar serve para olhar paisagens pela janela e ir longe em um pensamento, tentando assimilar o que aconteceu na vida e no atropelo dos dias não deu tempo de entender. Viajar serve como auto análise, ou análise em grupo, quem sabe… Viajar também serve para não pensar em nada, admirar o que a vista alcança e onde os pés tocam. Viajar serve para fazer trilha. E também serve para se perder numa cidade grande e desconhecida.

Viajar serve para ver as belezas do mundo e as realidades encobertas.

Viajar serve para perder a identidade (nem que seja temporariamente) e para deixar de ser entendida, para sentir o gosto bom de ser estrangeira – livre e desprotegida. E para se tornar uma criança de novo, aprendendo a decodificação do mundo do começo. E perder a própria personalidade por não conseguir se fazer entender, ou aprender a lindeza da linguagem corporal e conseguir revelar a própria alma pelo olhar.

Viajar serve para aprender a entender almas pelo olhar.

Viajar serve para esquecer – uma pessoa, uma história, uma dor…. Viajar serve para lavar a alma, para sair de um ciclo vicioso, para interromper o destino e (des)construir a própria história. Para colorir a existência, limpar o pensamento, mudar de assunto e desvendar caminhos alternativos. Viajar serve para finalizar. Viajar serve para recomeçar.

Viajar pode servir para se apaixonar, para mergulhar em algo sem regras, para descobrir outros olhares, para sentir à flor da pele novas sensações, encontrar outro colos, outras falas, outras amizades.

Viajar serve para fazer amigos, amigos de andanças, amigos que seguem nessa viagem e depois partem, amigos que ficam pra vida toda.

Viajar serve para reencontrar amigos antigos, amigos perdidos por aí. Viajar também serve para levar o melhor amigo junto e estreitar os laços.

Viajar serve para passar a limpo, ou para começar outro capítulo desse livro chamado vida. Para celebrar o novo, e para dar valor ao velho.

Viajar serve para sentir saudades de sua terra, de sua gente, de seu país, de sua comida, de sua família, de quem você é no seu amado (e nem sempre fácil) círculo.

Viajar serve para se perder e se encontrar. Viajar serve para se resgatar ou se reinventar.

Viajar serve para ter vontade de voltar

Ou, quem sabe, de ficar (na estrada).








Clara Baccarin escreve poemas, prosas, letras de música, pensamentos e listas de supermercado. Apaixonada por arte, viagens e natureza, já morou em 4 países, hoje mora num pedaço de mato. Já foi professora, baby-sitter, garçonete, secretária, empresaria... hoje não desgruda mais das letras que são sua sina desde quando se conhece por gente. Formada em Letras, com mestrado em Estudos Literários, tem dois livros publicados, o romance ‘Castelos Tropicais’, e a coletânea de poemas ‘Instruções para Lavar a Alma’. Seus poemas foram musicados e estão no CD – ‘Lavar a Alma’. Esta prestes a lançar seu terceiro livro, agora de crônicas – ‘Vibração e Descompasso’.