Desculpa começar assim, tão direta, mas não sei ser sutil quando o sentimento pulsa, arde e queima aqui dentro. Tua ausência está me matando… Sigo por aqui sentindo a sua falta, mas sigo feliz porque será sempre a minha lembrança preferida… Eu tentei mentir para mim mesma, incontáveis vezes, alegando que tudo bem, mas eu me acostumei tanto ao teu carinho diário, eu me apeguei tanto ao nosso companheirismo louco, que me dói um bom bocado ver você se afastando, por um ciúme bobo.

Eu não queria que o ‘amor’ fosse maior que a nossa amizade, sabe? Mas, pelo visto, nós dois estamos perdendo. O que será de mim se esse for o nosso fim?

Como refazer aquela velha rotina bagunçada que eu já estava tão habituada?

Vivo me dizendo que é péssimo se apegar a detalhes, se prender à um velho clichê, querer sempre as mesmas coisas e pessoas.

Por que é que eu não me joguei em outras novidades, momentos e distrações?

Era tudo com você, do amanhecer até as madrugadas de pizza e papo furado na sacada da minha casa. Hoje, como tudo na vida, a metamorfose bate na porta da minha história bagunçada e me traz um novo cenário…

Ok, mudanças não são tão ruins assim, mas e aí?

Cadê você que no meio de todo esse processo?

Já não segura mais a minha mão. Éramos “para sempre” ou não?

Eu queria fingir que não dói essa tua distância toda.

Queria fingir que não me maltrata esse teu silêncio.

E queria que você não interpretasse errado toda essa falta que você me faz. Mas eu sei que você vai ler de um jeito torto essas linhas que rabisco.

Eu sei que, numa brecha de agora, você voltaria com as intenções erradas, confundindo e bagunçando ainda mais.

Então deixa assim por um tempo. Eu te entendo. Sinto muito a tua falta, mas eu te entendo.

Algumas vezes, para não dizer que na maioria das vezes, precisamos recuar, precisamos apagar o desenho, refazer os traços, recomeçar de onde havíamos dito que seria perca de tempo, é preciso errar para finalmente conseguir entender seja qual for a lição ali aplicada.

E se alguma coisa fez tão sentido durante esses dias sem notícias suas foi de que estamos definitivamente aqui para passar por fases.

Um dia nos conhecemos, nos apoiamos, construímos uma história no decorrer de todos esses longos anos, hoje já não rimos das mesmas piadas idiotas e tão pouco sei qual será a suas programações diárias.

Mas a certeza do que um dia vivemos habitará para sempre no filtro da minha memória. O momento passa, porém o que é cultivado em forma de lembranças se torna referência para uma pessoa, para uma história ou para um amor.

Sigo por aqui sentindo a sua falta, mas sigo feliz porque será sempre a minha lembrança preferida, aquela lembrança de uma amizade que em meus dias já não mais habita.

Texto de Re Vieira e Mafê Probst








Re Vieira, guria apaixonada pela vida, escorpiana formada em direito, amante das palavras, ama café, gente divertida e vinhos, sou aspirante a escritora, louca de intensidade e sobrenome, tenho 27 anos mas perco a maturidade diante de um sorvete com gomas de mascar, me convidem pra beber e viramos amigos de infância.