Dias, meses, anos, a saudade as vezes ameniza, em outro momento ela vêm sem sobreaviso e soca o meu estomago, me causa náusea, dor na alma e também faz brotar em meus olhos castanhos lágrimas que queimam ao roçar a minha pele morena.

Basta! Cansei das suas dúvidas nas horas que precisei de sua decisão, e de suas certezas que vêm em um combo de juras de amor nas horas erradas. Não quero mais cruzar a mesma rua que você faz morada, quero me perder em um destino incerto, conhecer novos olhares, me prender em outros desejos, e me deixar levar por novos beijos. Não quero mais esperar por alguém que não sabe nem ao menos se quer voltar ou o porquê quis realmente partir.

— Mas eu te quero, eu te amo, eu posso te merecer Ana Clara.

Isso você me disse tantas outras vezes, um dia logo após eu lhe ver em braços que não eram os meus, beijando outra boca sem nem ao menos se sentir culpado, foi o meu coração que ficou em meio a ruínas de um fim que estava tão escancarado em minha frente e eu sempre me neguei a enxergar.

Eu que sempre fui segura de minhas vontades, abri mão da minha vida, do meu sorriso e até do meu amor próprio tudo para satisfazer o seu ego, não venha me jurar amor se você nem ao menos sabe o que significa essa palavra fora do dicionário, o estrago já está feito e tudo que espero é que ao bater à porta logo após você sair que não venhas mais impor a sua presença em minha vida, fechei para visitação, esteja ciente disso.

Mas caso insistir na teimosia de sempre e resolva aparecer esteja preparado para ver a cena aí do banco de reservas, e será a minha vez de estar desfrutando de um prazer momentâneo, de um lance causal ou de uma linda história de amor, essas que sempre fujo por não ter na pessoa os resquícios que ainda espero de você, mas agora é minha vez, sairei sem nem ao menos olhar para trás, deixarei no chão o casulo que me aprisionava à esta história que já conhecemos o final, lhe deixo uma casa vazia sim, porque todos os sentimentos dos mais nobres até os mais ousados, levarei comigo, para entregar a uma nova pessoa seja ela quem for.

Não foi fácil optar por uma nova rotina sendo que a antiga ainda era tão convidativa, mas ter que conviver com o seu desdém e pouco caso estraçalhou a minha dignidade em incontáveis partes que até hoje tento reparar o estrago, então me desculpe se não possuo mais saco para ouvir as suas lamentações ou de estar sempre com tempo para lhe responder, há, aliás, já que estamos falando sobre isso, não se assuste se a partir de agora tiver que lidar também com o meu sumiço, afinal, para que continuar presa ao cordão umbilical sendo que já sei caminhar sozinha?

The End. Game Over, Sayonara. Me ensinaram lá na escola que “agente” junto é contra qualquer regra de ortografia, tanto que passei a aplicar isso em minha vida, você é aquele velho cigarro que me dá a sensação de liberdade a cada nova tragada, mas ao mesmo tempo aniquila meus pulmões e não, não é nada saudável, decidi quebrar os grilhões que me aprisionam a ti, mas de uma coisa você não pode me culpar, estamos à beira do precipício, e a escolha é continuar ao seu lado ou a pular, eu escolhi voar mesmo sem ter asas, mas quem me fez chegar a essa conclusão foi unicamente você, no momento que decidiu que meu amor não era suficiente para lhe satisfazer, hoje ao vir aqui, jurar que ainda me ama, confesso que me perdi por um momento, mas logo em seguida já cai em mim, e se um dia decidi voar, foi porque ao seu lado eu já não encontrava mais a segurança de um lar.








Re Vieira, guria apaixonada pela vida, escorpiana formada em direito, amante das palavras, ama café, gente divertida e vinhos, sou aspirante a escritora, louca de intensidade e sobrenome, tenho 27 anos mas perco a maturidade diante de um sorvete com gomas de mascar, me convidem pra beber e viramos amigos de infância.