Às vezes, precisamos tomar algumas decisões, por mais difíceis que sejam, por mais que a gente ame demais aquilo que estamos deixando partir. Às vezes, deixar ir é melhor do que deixar que algo permaneça em nossa vida. Recentemente precisei tomar algumas decisões dolorosas, mas necessárias.

Eu sou o tipo de pessoa que ama fazer muitas coisas, gosto da minha rotina cheia de atividades e compromissos. Então, sempre me envolvi com muitos projetos na faculdade e sempre gostei demais de cada um deles. Mas, com todas as obrigações, vieram o cansaço, as dores de cabeça, as dores nas costas, a exaustão, a vontade exacerbada de dormir – era meu corpo pedindo um descanso. Então, por questão de saúde, resolvi deixar alguns projetos que eu amava. Confesso, foi muito difícil. Eu pensei e repensei um milhão de vezes. Algumas vezes, eu pensava: “eu vou aguentar”, mas logo o meu corpo pedia: não permaneça nisso.

Relembrando isso, eu pensei sobre algo que vejo constantemente: relacionamentos esgotados. Amores frustrados e corações partidos. Pode ser que você não aguente mais, que o seu coração esteja gritando pedindo socorro: ”por favor, não permaneça nisso.” Se você mais chora do que sorri, se a indiferença é constante no relacionamento e o diálogo não existe, algo de errado tem, por mais que você se recuse a ver. Você tem certeza de que ama esse alguém, mas, ao mesmo tempo, sabe: isso te faz mal.

Nem sempre o amor é suficiente. Nem sempre amar é o que mantém um relacionamento. É preciso muito mais para que isso nos faça bem. É preciso respeito, cuidado e diálogo, muito diálogo. E, acredite, conversar não é brigar. Pode ser que você, assim como eu relatei na história acima, tenha repensado muito, muito mesmo e chegue a doer o coração pensar em deixar isso para trás, mas, no fundo, você sabe: é preciso. Às vezes, deixar algo que amamos, mas que nos faz mal, é um ato de amor próprio. É uma forma bonita de nos amarmos e abrirmos caminho para coisas lindas cruzarem a nossa vida.

Amor não combina com dor. Não essa dor que só machuca, fere e gera incertezas. Amor combina com perdão, com mudança e não com comodidade. Por mais que doa, deixe ir, isso não significa que você não irá sentir a dor da partida, mas certamente você verá que fez a escolha certa. Eu sempre esperei estar pronta, sempre prorroguei as minhas decisões. Sempre achava que daria conta, até viajar e ficar 20 dias longe de tudo isso. Nesse tempo, pude repensar o que realmente importava e o que realmente me fazia falta. Então, eu percebi que estava deixando de fazer coisas que eu amava simplesmente porque estava permitindo que outras coisas ocupassem espaço na minha vida. Eu posso gostar de muita coisa, mas estava deixando de viver aquilo que eu sempre quis para minha vida porque achava que, sei lá, era isso que me bastava.

Pense bem, precisamos saber exatamente quem queremos ao nosso lado. Às vezes o tempo e o comodismo nos deixam cegos e achamos ser dependentes de alguém. Confundimos apego com amor e caímos na cilada de aceitar aquilo que nos fere. Quando tomamos algumas decisões, percebemos que deixar algumas coisas para trás é uma forma de abrirmos as mãos para recebermos algo melhor.








Estudante de psicologia, apaixonada por artes, música e poesia. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito requeijão, mesmo sendo intolerante a lactose. Tem pavor de borboletas, principalmente as no estômago.