O termo resiliência foi usado inicialmente na física por Thomas Young para descrever a característica de algumas matérias que são capazes de receber energia do meio sem se deformar permanentemente. Na psicologia, o estudo sobre a resiliência é relativamente novo, já que esse conceito recebeu uma maior atenção a partir da década de 70.

Falar sobre resiliência é importante e ultimamente esse termo tem sido discutido com mais frequência porque além da situação atual do nosso país imerso numa profunda e dolorosa crise o próprio curso da vida nos impõe situações difíceis que exige de nós o mínimo de resiliência para responder de maneira positiva mantendo a nossa qualidade de vida e integridade emocional.

É importante destacar que quando falamos em resiliência, não estamos nos referindo a capacidade que algumas pessoas têm de esconderem e mascararem o seu sofrimento, as suas angústias e tristezas, para parecer estar bem mesmo estando triste, mas nos referimos a capacidade que algumas pessoas têm de mesmo estando numa situação que provoca um alto grau de risco para a saúde física ou emocional, mesmo num momento desafiador e de grande dificuldade se manterem estabilizadas emocionalmente respondendo da melhor maneira possível e mantendo a sua saúde mental.

Sempre temos a tendência a classificar as pessoas em dois grupos: ou elas são muito resilientes ou pouco resilientes, quando fazemos isso, estamos lidando com a resiliência como se ela fosse uma característica pessoal inata, é como se algumas pessoas nascessem resilientes e outras não tivessem essa “sorte”. Porém, é preciso entender a resiliência como uma habilidade e por isso ela pode ser aprimorada ou mesmo desenvolvida.

Mas afinal, o que faz com que as pessoas tenham reações distintas diante de situações aparentemente semelhantes? Por que diante do rompimento de uma relação amorosa, a Paula fica deprimida, se isola, sofre bastante e por muito tempo já a Amanda até sofre num primeiro momento, o que é compreensível, mas depois ela consegue encarar a vida com mais serenidade podendo inclusive voltar a se relacionar emocionalmente com outras pessoas?

As respostas a essas perguntas estão relacionadas não com o fato em si “fim de um relacionamento amoroso”, mas com a interpretação do fato o que a Paula e a Amanda fazem, ou seja, as reações são diferentes porque as interpretações que essas duas pessoas fazem do mesmo acontecimento são distintas.

Não são as situações que enfrentamos que nos afetam, mas a interpretação que fazemos desses problemas. Pessoas resilientes conseguem perceber que mesmo diante das dificuldades e vicissitudes da vida não precisamos nos prender apenas aos aspectos negativos dos fatos, pois por maior que sejam as dificuldades, ainda há algo que se possa extrair de positivo ou no mínimo aprender com as situações.

Mudar os padrões de pensamentos disfuncionais, tornando-os mais funcionais e equilibrados não é uma tarefa fácil, é preciso se permitir viver essa experiência e isso requer muito esforço e paciência, porque é um processo gradual e muitas vezes lento, a psicoterapia pode ser a porta que se abre para trilhar esse caminho.

Uma pessoa resiliente é assertiva, mesmo no meio de uma situação complexa consegue identificar e resolver os problemas, ela mantém o foco no que realmente importa e merece a sua atenção, age com maturidade emocional e não cede facilmente aos seus impulsos, consegue manter a racionalidade, mesmo numa situação que demanda uma grande energia emocional.

São pessoas que possuem habilidade emocional para manter-se calma o suficiente para identificar e resolver os problemas e conseguem inclusive reconhecer as suas limitações pedindo ajuda quando entendem que isso é necessário. Pedir ajuda não é sinônimo de fraqueza, essa frase tem sido repetida várias vezes, pessoas resilientes conseguem expressar as suas emoções e se conhecem o suficiente para perceber quando precisam de uma ajuda para atravessar algum momento difícil.

Por tanto, desenvolver a resiliência não tem relação nenhuma com a manutenção de uma postura excessiva e perniciosa da “felicidade instantânea” impulsionada pelas redes sociais, na verdade essa habilidade tem mais a ver com a prevenção e manutenção da saúde emocional e da qualidade de vida.