E antes que se entregue por completo a alguém saiba que ninguém pertence a ninguém, e que você é seu.

Você não é aquilo que sua vida é. Você não é o momento que você vive nem o amor perdido. Você é aquilo que ninguém vê. Uma coleção de histórias, estórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias e sucessos, sentimentos e pensamentos. Definir -se é limitar-se. Você é um eterno parênteses em aberto. Enquanto sua eternidade durar. – Raíssa Almoêdo de Assis.

Eu já me perdi algumas vezes nas estradas da vida. Nem sempre vi ou fui luz. Os erros somaram-se aos aprendizados, na busca constante pela evolução. Porém, nestas várias fases, encerrando e iniciando constantemente ciclos, pequei muito mais por ser inteira do que por ser metades.

Nas várias janelas que abri, nas portas que encontrei fechadas, nas brechas que cavei na tentativa de deixar que a claridade entrasse, deparei-me com muita gente pequena, encoberta por suas grandes mentiras, por suas quase nulas verdades.

Sempre acreditei, como tão bem definiu Jostein Gaarder, que “nascer é receber de presente o mundo inteiro”. E, diante de um presente tão incrível destes, como apenas existir, sem viver plenamente, entregando-se à vida como ela merece e nos pede?

Ser inteiro, nem sempre é visto com bons olhos, chega a assustar em um mundo de metades. Mas faz parte. Envoltas em suas lamúrias, as pessoas se encolhem. Esquecem que nasceram para brilhar. Reclamam o que não tem e não se lembram de agradecer tudo aquilo que possuem.

Renunciam o que profetizou Pessoa: “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és, no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda. Brilha, porque alta vive”.
Não somos ilhas, mas a mim, basta-me assim, inteira. Distribuindo-me de modo que cada um tenha uma parte de mim, o mais completa possível, afinal, somos integralmente únicos, respeitando sempre, todas as questões que limitam aos outros, até o momento em que elas não nos firam.

O que é morno, não me agrada. Não quero ser pipoca, prefiro o amarelo reluzente do milharal inteiro, pipocando o tempo todo em mim, motivando-me a explodir, a florescer, a estabelecer as mutações e transformações tão necessárias em cada um de nós.

Não existe um só dia em minha vida em que eu não pense em ser melhor do que eu fui ontem. Acordar, cada manhã, fortalecendo minha essência, é o que me motiva a abraçar o mundo com toda a minha intensidade. Acredito que assim será, por toda a minha existência. E peço àqueles que compartilham comigo a jornada da vida, que não me roubem de mim. É preciso ser inteiro, para bastar ao outro, para chegar ao fim.

Permita-se ser inteiro. Como as palavras de Jéssica Miranda Pinheiro, transborde-se.

“E nesse transbordamento que eu me derrame nos outros e eles em mim e a gente vá descobrindo que ninguém é sozinho. Que cada eu é um nós. Que a gente é um todo, um tudo, uma coisa só. E assim, tão imperfeitamente juntos, somos poeira de estrela, energia que cria e destrói, que transforma e amarra.

Estamos em nó – em laços, e por isso mesmo, reconhecendo nossa unicidade nas diferentes imperfeições, seremos verdadeiramente livres”.








Jornalista, balzaquiana, apaixonada pela escrita e por histórias. Alguém que acredita que escrever é verbalizar o que alma sente e que toda personagem é digna de ter sua experiência relatada e compartilhada. Uma alma que procura sua eterna construção. Uma mulher em constante formação. Uma sonhadora nata. Uma escritora que busca transcrever o que fica nas entrelinhas e que vibra quando consegue lançar no papel muito mais que ideias, mas sim, essências e verdades. Um DNA composto por papel e tinta.