Temos muito medo de fracassar em várias situações de nossas vidas. O erro não é gentil, nunca é fácil e nos obriga a encarar nossas falhas de frente. Estaremos sempre evitando esse confronto com as consequências de nossas escolhas, pois perder ainda nos é penoso e traz vergonha, por mais que saibamos que nem sempre ganhamos, nem sempre temos razão, nem sempre nos apaixonamos pela pessoa certa. Crescer requer dor.

Estamos dispostos a colher os louros de nossas vitórias e de nossas conquistas, mas nunca parecemos aceitar a inevitabilidade dos reveses que fazem – e sempre farão – parte de nossa lida diária. Gritamos o nosso sucesso a quem quer que seja, mas tendemos a retirar de nosso histórico pessoal os tombos que levamos, embora venham deles nossas maiores lições de vida. A gente quer ganhar sempre, acertar o tempo todo, receber somente elogios, ser reconhecido em nosso trabalho, ser aprovado pela maioria, a começar pelos pais. Crescer requer erros.

Porém, o destino não se esquece de ensinar a ninguém e acaba nos colocando, dia sim e no outro também, em situações de dificuldade, como que nos testando a persistência em viver, em não cair, à revelia de quaisquer tempestades emocionais. É então que aprenderemos a lidar com nossos medos e fraquezas, sentindo-nos martelar uma dor, no fundo da alma, esgarçando nossos sentidos avassaladoramente. O propósito sempre é o nosso fortalecimento, a aprendizagem que aprimora e refina nossa essência, tornando-nos mais fortes e humanos. Mesmo que nada daquilo faça sentido, quando no meio do maremoto, futuramente conseguiremos olhar para trás agradecidos pela oportunidade que tivemos de mudar atitudes e pensamentos indesejáveis. Crescer requer gratidão.

Seremos também testados incansavelmente em nossa capacidade de nos reinventarmos, amargando o fim do que parecia eterno, desestruturando-nos verdades, redefinindo-nos conceitos e rasgando o véu cor-de-rosa com que insistimos em cobrir nossa visão de mundo. É preciso, portanto, que tentemos dimensionar os reveses da vida em proporções que não fujam demais à realidade dos fatos. Tendemos, infelizmente, a supervalorizar os aspectos negativos, afastando-nos da possibilidade de lutar contra eles, de resolvê-los e superá-los. Tudo há de passar. A dor se acalma aos poucos e o mundo vai ficando mais nítido. Com exceção da morte, enquanto houver vidas respirando, sonhos impulsionando e amor pulsando, ainda haverá luta, ainda existirá um novo rumo esperando-nos ali na frente. Crescer requer esperança.

Para visualizarmos novas saídas, entretanto, não podemos ter os olhos inundados por lágrimas em demasia, nem o peito obstruído por tristeza sem fim. Muita luta será necessária para que nos livremos dos empecilhos que atravancam nosso caminho, por isso a esperança jamais deve ser sufocada, mesmo que a escuridão seja massacrante, mesmo que a dor seja pesada demais, mesmo que nada mais pareça ter razão, pois sempre haverão de existir motivos que nos levem a querer continuar, a despeito de tudo e de todos. Porque o amanhã sempre será um novo dia, repleto de novas oportunidades, novos amores, novas amizades e novas chances de recomeçar.








Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.