“Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” está longe de ser o filme mais incrível de todos os tempos. Conta a história de Joel e Clementine que, apesar de terem um relacionamento muito intenso, acabam se separando.

Até que, certo dia, Joel descobre que Clementine utilizou um serviço incomum capaz de apagar parte da memória. Com isso, ela apaga todas as suas lembranças com Joel, não se lembrando mais de quem ele era ou que tinham tido um relacionamento. Revoltado com essa atitude, Joel também decide apagá-la de sua memória.

A maior parte do filme gira em torno das lembranças de Joel com Clementine sendo apagadas. O problema é que, no meio no procedimento, Joel quer desistir e continuar se lembrando dela. Apesar de tentar algumas artimanhas, ele acorda no dia seguinte sem se lembrar de absolutamente nada que tivesse relação com Clementine.

A parte mais intrigante, na minha opinião, é o final, quando finalmente o espectador entende o início do filme. Nas primeiras cenas, aparecem Joel e Clementine se conhecendo em uma estação de trem e a interpretação mais provável é de que foi ali que começou o relacionamento deles. Só no final é possível se dar conta de que aquela é a segunda vez que eles se encontram pela primeira vez.

A mensagem mais interessante que pode ser extraída do filme não é de que devemos aprender a lidar com lembranças ruins, como o término de um relacionamento, mas de que quando duas pessoas devem ficar juntas, a vida simplesmente vai dar um jeito de ficarem juntas. Tanto Joel como Clementine decidiram apagar suas memórias, mas isso não foi o suficiente para evitar que se reencontrassem. A vida, de uma forma inusitada, fez com que se trombassem de novo e, mais uma vez, se apaixonassem.

Não se lembravam mais das coisas que incomodavam um no outro, nem das brigas, ou o motivo do término. A única coisa que sabiam é que gostavam um do outro e isso parecia ser o suficiente. Eles estavam se conhecendo como se já não se conhecessem o suficiente. Estavam se apaixonando como se já não fossem apaixonados.

Bom, na vida real isso não é possível, mas eu garanto que assim como foi com Joel e Clementine, quando duas pessoas devem ficar juntas, não há nada que as separe. A vida é repleta de encontros e desencontros, mas quem tem que ficar, uma hora volta. Aliás, isso é o que chamam de destino por aí… Então, respira, porque tudo o que tiver que ficar ao seu lado, vai ficar. Isso ninguém tira de você.








Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.