A grosso modo podemos dividir as pessoas nestes dois grupos, embora haja aqueles que digam: “Nem um, nem outro, sou REALISTA”. Mas existem explicações bem práticas e objetivas baseadas no estudo do comportamento humano. Como meus amigos leitores já perceberam, nosso objetivo nesse espaço é mergulhar nos LABIRINTOS DO CORPO E DAALMA, tentando compreender os mistérios que moram em nosso corpo, nossa mente e nossa alma.

O QUE DETERMINA A VISÃO POSITIVA OU NEGATIVA DA VIDA EM GERAL?

Todo ser humano (e também todos os outros mamíferos) desenvolveram no seu cérebro uma área onde se localiza dois centros: o centro de PRAZER ou GRATIFICAÇÃO, onde toda vez que experimentamos uma sensação agradável, que nos dê uma sensação de satisfação, que nos faça sentir bem, gere um sentimento de gratificação, tendemos a querer repetir tal experiência constantemente, nos sentimos felizes, a química do cérebro produz substâncias que geram bem-estar, como endorfina, dopamina, encefalina. Mas em contrapartida existe um segundo centro nessa área do cérebro, o sistema de DESPRAZER ou PUNIÇÃO, onde o estímulo ou nossas experiências geram sensações altamente desagradáveis como DOR, SOFRIMENTO, medo de ser punido, e geram sentimentos como CULPA, preocupação. Um exemplo simples é o do rato, um dos menores mamíferos.

Se o colocarmos em uma caixa onde um botão branco faz liberar queijo, o que para ele é algo que gera prazer e recompensa, no outro canto da caixa, existe um botão preto, que quando o rato aperta, toma um choque que provoca dor, desprazer, como se estivesse sendo castigado, punido. O rato, que não é bobo, tende a evitar o botão preto que só traz dor e sofrimento e só querer o botão branco, que é sinônimo de prazer, satisfação, com deliciosos queijos. Agora pensem: somos educados assim, quando acertamos, boas notas, bom comportamento, vitórias, somos recompensados com elogios, prêmios. Mas quando vamos mal na escola ou trabalho, quando perdemos, somos punidos e castigados. Mas que estranho, OS SERES HUMANOS POR INFLUÊNCIAS FAMILIARES, RELIGIOSAS, SOCIAIS ou até por questões genéticas contrariamos esses comportamentos básicos.

OS PESSIMISTAS: O QUE ACONTECE?

Os pessimistas têm uma competência enorme de “pescar” no dia-a-dia sempre os fatos mais angustiantes, negativos, preocupantes. É algo automático, reflexo. E como a realidade sempre terá fatos maravilhosos, positivos ao lado de notícias ruins, trágicas, o pessimista opta por ver sempre o pior. Assim o perfil dessas pessoas é sempre de reclamar, criticar, “criar problemas”, dizer que “nada vai dar certo”, “O mundo não tem jeito”, tensos, preocupados apresentando baixa estima. E como SOMOS AQUILO QUE PENSAMOS, a realidade dessas pessoas é algo sombrio, tenso, cheio de sofrimentos antecipatórios. Enfim, no fundo o pessimista não consegue lidar com FRUSTRAÇÃO. Ele tem medo de errar, perder, fracassar, ser criticado, decepcionar- se com as expectativas positivas.

Voltando ao exemplo do ratinho e do centro do prazer e recompensa, e o centro da punição e desprazer, o pessimista não quer ter a dor, a punição, não gosta de lidar com os erros, pois se cobra muito, tem uma autopunição elevada, sente CULPA de forma exagerada. Com isso não busca o PRAZER, não tenta a satisfação, “afinal, e se der certo?” Ou ainda, “depois dá errado e vou ficar chateado, decepcionado comigo mesmo”. Eis a questão do pessimismo: por morrer de medo de dar errado, sofrer punição, sentir culpa, decepcionar-se, ter baixa estima, essas pessoas não arriscam na busca do prazer, da recompensa. Têm medo de ser felizes, correr risco, ficam na defensiva. Preferem ver as catástrofes na TV, no jornal e dizer: “Tá vendo, esse mundo não tem jeito!”.

OS OTIMISTAS: O QUE ACONTECE?

Ao contrário do que foi dito no caso dos pessimistas, os otimistas são movidos a sonhos, metas, numa constante busca do PRAZER, da realização. Querem construir algo, empreender, têm uma fé imensa em si mesmos, em Deus, no mundo. Acreditam que é possível superar dificuldades e sempre se arriscam. Quando fracassam, recuperam rapidamente. “Não foi dessa, mas vai ser na próxima!” E, ao invés de se culparem, se punirem pelo erro, “levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima”. Sabem lidar com a FRUSTRAÇÃO e logo buscam soluções, ao contrário do pessimista que só vê problema e dificuldade em tudo. Voltando à experiência dos ratinhos e do botão do prazer e da punição, o otimista busca sempre a satisfação, a superação, o prazer. O risco é o otimista inveterado, ingênuo que não aprende com os erros e não percebe a realidade. Será sempre o “SONHADOR”, mas que nunca saberá construir seus sonhos, cada dia com um sonho maior e mais fantasioso e inviável. Por falar nisso o pessimista evita sonhar, pois tem pesadelos do tipo: “E se não der certo? E se não conseguir? E se…?”.

OTIMISMO É SINÔNIMO DE SUCESSO E PESSIMISMO DE FRACASSO?

Não, definitivamente não! Aliás, é importante que haja esses dois tipos de temperamento. E como se o otimista fosse o atacante que sempre busca marcar gols e o pessimista, o zagueiro que nunca quer levar gol. Um sempre tentando, errando, acertando e comemorando o gol. O outro sempre na defesa, preocupado, sem querer tomar gol. Ora, precisamos um time que tenha o goleador e o defensor. Uns que criem, inventem, busquem novos caminhos. Outros que organizem, prevejam possíveis problemas.

MAS O QUE ACONTECE COM A VIDA FÍSICA E PSÍQUICA DE UM E DE OUTRO?

Aí, sim, tem diferença. Estudos científicos mostram que pessoas negativistas e pessimistas têm um grau de estresse sempre alto e por isso têm menos defesa imunológica e são mais sujeitas a infecções, a infartos, derrames, problemas físicos, insônia e mau humor. Os nervosos, pessimistas, preocupados e raivosos produzem uma substância chamada cortisol que desgasta o cérebro e mantém o estresse crônico. Isso os torna pessoas mais tensas, irritadas, emburradas, prejudicando suas relações interpessoais. Já os otimistas têm um percentual aumentado de substâncias ligadas ao prazer, dopamina, endorfinas circulando o cérebro. Com isso, o bom humor ajuda a ter uma qualidade de vida melhor, vivam mais e são mais resistentes a dor, recuperamse mais rápido de doenças ou cirurgias. Em geral, o carisma e o positivismo os fazem pessoas mais bem sucedidas, empreendedoras, líderes na sua atividade e comunidade.

É POSSÍVEL MUDAR?

Todo comportamento é adquirido e influenciado pelo meio familiar, social, religioso e econômico, enfim, o meio ambiente que vivemos. Pais medrosos, negativistas, que vivem repetindo: “Cuidado, não tente, isso é pecado, você não tem condição, não arrisca, o mundo é ruim, desconfia…” podem influenciar o comportamento de seus filhos e o contrario é verdadeiro. Religiões rígidas que exageram a culpa, igualmente. Mas há uma coisa chamada TEMPERAMENTO – ou personalidade – que já nasce conosco e isso não muda. Mas somos a mistura do temperamento e comportamento adquirido, e daí a boa notícia: à medida que conseguirmos mudar a visão do mundo, ampliar a fé, mudar conceitos é perfeitamente possível nos libertarmos das negatividades, preocupações, mau humor, sofrimentos antecipatórios.