Faremos uma distinção dos termos utilizando inicialmente uma abordagem moderna e gramatical dos mesmos. A seguir analisaremos os termos em suas raízes etimológicas, para por fim tecer alguns comentários finais sobre os mesmos.

Orar, de acordo com as definições gramaticais modernas significa, fazer uma oração, discursar em público, dirigir uma oração, ou ainda suplicar, pedir ou rogar em oração. Rezar remete a ideia de súplica religiosa a Deus ou aos Santos, leitura de livros de oração, realizar benzeduras com a imposição de mãos ou outros objetos ritualísticos.

Por outro lado, e ainda segundo a mesma definição, contemplar significa olhar, observar, atenta ou embevecidamente, ou ainda considerar com admiração ou com amor. Também significa refletir, sobre si mesmo. Por fim, meditar significa submeter a si próprio a um exame interior. Estudar, ponderar, refletir, pensar. Observamos que, segundo as definições atuais e correntes, os três termos se confundem em uma mesma definição

Faremos então uma investigação etimológica acerca do sentido original dos termos, a fim de que seja possível chegar a um esclarecimento acerca de suas distinções.

A palavra oração provêm do latim orare derivado de os, “boca”, bem como de uma base indo-europeia or-, que significa “pronunciar uma fórmula ritual”. Significava inicialmente “falar”, depois adquiriu um particular sentido de “falar em público, discursar”. Seguem então os termos derivados “oratória” e “orador”, bem como o verbo “orar”. O Cristianismo associou o termo ao significado de “falar ou rogar à divindade”.

Rezar provêm do latim recitare, o que significa “declamar, recitar, dizer em voz alta”, possui a base re, que significa “de novo, novamente”, e citare, que é “citar, conclamar, referir-se a”. Portanto rezar remete a ideia de dizer algo novamente e repetidamente.

Contemplar provem do latim contemplari, que significa “observar, prestar atenção”, “marcar um espaço para observação”. Tal atitude era característica dos adivinhos e prestidigitadores que atuavam na Roma antiga, que necessitava delimitar um espaço para observar suas previsões. Forma-se esta pelo prefixo com, o qual servia de intensificativo, associado a palavra templum, que era expresso por “área para fazer previsões”.

Meditação, vem da raiz indo-europeia med , a qual remete a idéia de “medir, limitar ou orientar”. A palavra latina meditari expressa a idéia de pensar sobre algo, levar uma idéia em consideração, analisar uma situação.

Da raiz med derivou também o termo latino mederi, que significa “tratar, curar, dar atenção médica a”, originalmente “saber o melhor caminho para”. O termo medicina e medicamento, dai derivaram.

Os termos medicina e meditação possuem portanto a mesma raiz, ambos são ferramentas de análise e retificação, tanto de enfermidades físicas quanto morais.

Orar portanto é falar e refletir sobre o que se profere, procurando aproximar-se de Deus através de um solilóquio consciente. É mais abrangente do que a atitude de rezar, haja vista que esta seria a repetição sistemática dos versos e termos das orações, tal como a recitação de um mantra, o qual sugestiona uma mudança moral ou consciencial através da repetição de uma fórmula mental.

A contemplação é o ato de observar o grande espaço de aprendizado, que é o todo da criação de Deus. As leis divinas, que se manifestam neste mundo material, são um pálido reflexo do mundo das ideias, onde esta expresso o puro pensamento divino. O ato de contemplar a obra de Deus nos aproxima de seus propósitos e nos torna mais próximos de nossa verdadeira natureza, feita a imagem e semelhança de nosso criador.

Meditar é refletir sobre si mesmo, através de um profundo recolhimento e uma detalhada análise de nossas virtudes e nossos vícios, a fim de que seja possível a cada um de nós encontrar o remédio moral para cada debilidade que possuímos. A meditação também é um importante instrumento de análise de nossa natureza divina, podendo servir de ponte para a manifestação, em cada um de nós, da nossa verdadeira natureza, feita a imagem e semelhança de Deus.