Quando nos conhecemos, há mais ou menos um ano, eu me assustei. Me assustei com tanto conhecimento em apenas um ser, tanto brilho e beleza, tanta dedicação em aprender continuamente e transmitir este aprendizado.

Vi ali, sendo sua condutora com sua comunicação, um grande desafio.

Afinal quem era eu para te ensinar algo?

Com esta sensação latente no peito me vi novamente em meio a minha família. Ser culto em minha casa é uma questão de honra.

O estudo algo primordial, as palavras impecáveis, as notas então, nem se fale.

Na minha família aprender é algo obrigatório e indispensável.

Nasci rodeada de crânios e conversas cabeças, meu avô, o patriarca renomado, e minha avó, a professora amorosa, rechearam nossa vida de saberes.

Lembro-me dele especificamente, traduzindo palavras para o latim e tupi-guarani, explicando as concordâncias verbais, e mesmo no fim de sua vida, nos ensinado o porquê dos acentos em cada palavra.

Fui uma privilegiada. E contigo, duas vezes.

Uma por ter nascido em meio a tanto conhecimento, e me nutrir com ele até hoje. Contigo, pela oportunidade de exercer o que aprendi, e claro, aprender tanto.

No meu ver o conhecimento sozinho não nos sustenta, ele precisa ser direcionado pelo coração. As classes científicas ligadas ao propósito são uma explosão de vida imensurável. Um fonte de luz infinita que guia pessoas para o melhor de suas condições.

Que tal se todo o conhecimento do mundo fosse atrelado ao sentir da vida?

Que tal se cada pessoa que possui tamanha bagagem começasse dividindo-a através de seu peito?

A vida seria muito mais saborosa e delicada, acredito eu.

Por isso, peço licença para lhe enviar todo o meu amor por meio das palavras. Sem concordância, com pequenos erros, mas com um grande sentido.

Tocar você para que se reconheça como parte importante neste ecossistema.

Você sabe de sua importância?

Sabe do valor que eles lindos olhos azuis tem para toda a humanidade?

A sua beleza exuberante ultrapassa qualquer protocolo ou linhas de caderno, a sua beleza não precisa de ordem e nem motivo, não precisa de contratos para existir.

Ela apenas é.

E você, apenas sendo, toca e nutre pessoas com o seu viver.

Todos nós enxergamos a sua capacidade de unir sentimentos e ideias, a conduzir pessoas para sua potência máxima, a traduzir o invisível pelo silêncio que muito diz.

Acredite em seu balanço interior, em sua roda interna que tanto gira, mas sabe aonde parar.

Jogue-se para o mistério, nele habita todo o esplendor de sua alma.

Desejo que a cada conhecimento adquirido seu coração expanda na mesma proporção, e que em cada encontro você possa se abrir um pouco mais resplandecendo o seu viver.








Eu escrevo desde criança, fui inspirada por meu avô Hildebrando Affonso de André, o poder das palavras. Sou uma escritora de cartas, escrevo cartas endereçadas para as pessoas que me pedem, todas elas são escritas pensando em uma pessoa especial que me enviou um pedido em particular, mas elas acabam servindo para todos nós! Quer uma carta também? Isa Motta, escritora de cartas, apaixonada por pão de queijo e brigadeiro, mãe da Olívia.