Eu estava em um treinamento em 2000, um daqueles treinamentos com um grande grupo terapêutico. Não posso contar as vivências como eram, mas em determinado momento eu precisava fechar um saco de lixo cheio de coisas. Eu puxava, esticava e, como o saco estava pesado, não conseguia fechar. Eu estava lá quando um dos terapeutas se aproximou de mim. Eu disse para ele: “Eu não consigo fechar”. Ele me olhou fundo nos olhos e disse: “É claro que você consegue, é só querer de verdade.” Eu peguei aquele resto de plástico preto, puxei a exaustão e consegui fechar. Foi uma vitória.

Eu nunca me esqueci dessa história. Ela sempre me vem à cabeça quando eu acho que não vou conseguir resolver alguma coisa. Quando estou no meio do caos e as coisas parecem que vão derreter ou desmoronar. A minha tendência foi sempre a de fazer mimimi, reclamar da vida, comprar um pote de sorvete e tomar assistindo televisão.

Outra coisa que eu sempre percebi em mim era o medo de confronto. Sabe aquele momento no filme em que tudo vai bem, mas aí vem a vilã (ou vilão ou situação ou maremoto) e as coisas ficam feias? Sempre eu sentia que esse momento estava chegando no filme eu, pasmem, trocava de canal. Eu pensava: “Vou esperar passar essa parte e quando tudo estiver bem eu volto a assistir”. Fiz isso um montão de vezes, na verdade.

Nós precisamos formar casquinha. Na verdade, calos, crostas, chamem do que quiserem. Não de proteção (do tipo mecanismos de defesa ou das carcaças), mas de fortalecimento. Precisamos dos músculos da resiliência fortes e firmes. Precisamos ser firmes para dizer um não, para passar por uma situação difícil ou para aceitar uma perda. Precisamos de uma firmeza que sim, está o tempo todo dentro da gente.

De fato, não existe “eu não consigo”. Existe o “eu não quero”. Quantas vezes você realmente se propôs a fazer uma coisa e ela deu certo no final? Quantas pessoas já passaram por situações terríveis e conseguiram achar dentro de si mesmas uma força que não sabiam que tinham? O nome disso é firmeza.

Firmeza é o estar em si mesmo. Estar tão dentro, tão firme, tão …argh, até com raiva mesmo. Sabe aquela hora em que você diz do fundo da sua alma: “Nem por cima do meu cadáver?”. Então, isso. Dizem que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Mas pode não ser verdade, se nos mantivermos na nossa firmeza.

A vida vai tentar te derrubar. As pessoas, as situações. Mas tudo bem. Se você estiver com você mesmo, se aceitar fazer qualquer coisa com isso, nada vai te abalar. Isso é a verdadeira fé. Não é só a fé em Deus, nas entidades ou em qualquer outra coisa fora de você. É saber que sim, você pode. É fácil. É só querer.








Terapeuta porque adora ajudar as pessoas a se entenderem. Escritora pelo mesmo motivo. Apaixonada por moda, dança, canto, fotografia e toda forma de arte. Adora pão de queijo e café com leite e não pretende mudar o mundo, mas, quem sabe, uma pequena parte da visão que temos dele. Espaço Terapêutico Andrea Pavlovitsch Av Dr. Eduardo Cothing, 2448A Vila Formosa - São Paulo - SP +55 (11) 3530 4856 +55 (11) 9.9343 9985 (Whatsapp) [email protected]