Não era para ser: o clichê mais verdadeiro de todos.

Nunca gostei muito de clichês, principalmente aqueles sobre relacionamentos. Acontece que já faz algum tempo que tenho notado como alguns são (infelizmente) verdadeiros. O “não era pra ser” é um deles. Provavelmente não gostamos dele porque ninguém quer ouvir algo desse tipo quando realmente gostaria que a tal coisa “fosse pra ser”.

Acontece que, às vezes, realmente não é pra ser. Não importa o quanto a gente tente, insista, vá atrás… Algumas coisas simplesmente devem terminar ou então nem chegar a começar. Recentemente, ouvi o caso de uma amiga que me fez pensar sobre histórias da minha própria vida.

Ela contou que se via num beco sem saída. Estava namorando, mas não era o que ela queria naquele momento. Por mais que gostasse da outra pessoa, não parecia ser o suficiente. Ou melhor, não era pra ser. E não importa o quanto ela tentasse fazer acontecer, não ia para frente de jeito nenhum. Tinha algum bloqueio ali no meio. Era o maldito clichê alertando que aquilo não era pra ser naquele momento.

Eu mesma já me vi em situações semelhantes. Já me vi tentando forçar coisas que simplesmente não eram para ser. O grande problema acredito que seja não querer aceitar que aquilo que queremos tanto não possa realmente ser. E a má notícia é que enquanto você não aceitar essa infeliz verdade, o mundo continuará desabando diante dos seus olhos.

Foi assim que comecei a acreditar em clichês. Hoje, até o maldito timing tem me feito repensar algumas coisas… Por mais que eu continue acreditando que quando a gente realmente quer algo ou alguém, fazemos isso acontecer, o timing tem me pegado de jeito e me feito enxergar que às vezes as coisas vão muito além das nossas vontades.

Muitas vezes, temos que lidar com diferentes fases de vida, maturidade, prioridades, e vontades distintas. A verdade é que, muitas vezes, apenas querer não basta. É preciso muito mais do que isso. É preciso querer mais do que qualquer outra coisa. É preciso adiar projetos, repensar princípios, deslocar prioridades, e realmente lutar por aquilo que se quer.

Pelo menos quando o assunto é amor, gosto de continuar acreditando que não há hora pra amar e que ainda existem pessoas que colocam esse sentimento acima de qualquer coisa. Mas não vamos nos iludir, essas pessoas parecem estar um pouco em falta no mercado, não é mesmo? Quase sempre tem algum “porém” ai no meio. Bom, mas quer saber? Se for pra ser, a gente dá um jeito, transforma todos os poréns em solução e faz acontecer. Afinal, se for pra ser vai ser. Mas se não for pra ser, não há santo que faça acontecer. É o que diz o bom e velho clichê…








Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.