Você foi o motivo dos meus sorrisos na frente do celular, do meu silêncio por trás das ligações. Você já foi muitas conversas com amigas na faculdade. Já foi o meu pensamento na volta pra casa, o bom dia mais sensato que eu poderia receber e a melhor voz de sono que já me acordou em toda minha vida. Eu já te enxerguei como a única coisa que alguém desejou no mundo. Eu realmente te amava e sentia que todo esse amor só poderia dar em alguma coisa. (Deu em coisa nenhuma).

Eu mergulhei em você achando que encontraria nas mais profundezas do teu ser, certezas e sinais que me dissessem que ali eu ficaria, mesmo com as ondas mais altas e as tempestades mais fortes. Mas você era raso, fechado, areia. O teu lugar não é comigo e é do lado de fora que você vai encontrar a certeza do lugar que te dei e que você nunca deveria ter saído.

Eu corria atras de você, e tudo bem, essa atitude é o mínimo que podemos fazer por alguém que gostamos, mas não é o melhor a fazer por alguém que só foge da gente. Eu te via em silêncio e pergunta: ”o que você tem?” achava que tinha feito ou falado alguma coisa que tivesse te machucado, desconfiava que o problema era eu e na verdade, estava certa. O problema eu era continuar ali, nos teus pés, enquanto você não sabia o que fazer comigo. O problema era eu ficar quando tudo que você queria era que eu fosse embora, porque você nunca falaria, você nunca diria pra mim que ali não era o meu lugar, que você não estava nem um pouco empolgado em ser pra mim pelo menos 1/3 do que eu era pra você. O problema era eu achar que eu poderia tirar do teu silêncio um sorriso e consequentemente ser o abrigo que você moraria, achava que essa migalha que você me deixava era o suficiente pra continuar.

Eu te mandava músicas, te marcava em fotos e vídeos engraçados, comentava sobre as estreias do mês no cinema. Eu conheci as bandas que você gostava, assisti temporadas inteiras das séries que você dizia assistir em um só dia. Faria tudo pra te mostrar que entre escolher você e o mundo lá fora, eu te preferia. Tudo que eu queria era mais que a sua companhia apenas nos dias que você quisesse aparecer. Ainda que você não tenha dado a mínima, ainda que você tenha sido capaz de ter feito o que fez, ainda que nada do que fiz tenha dado certo, ainda que o nosso fim não tenha sido como eu gostaria, fiz tudo o que eu podia. Dia desses você teve a cara de pau de me perguntar se eu ainda sentia saudades de você, eu quase te respondi que saudade eu tinha da pessoa que você era quando te conheci.

Eu te enxergava muito melhor do que realmente você era. Eu te aceitava porque me recusava a acreditar que não seria você, nem adiantava insistir. Eu te queria porque você me fazia acreditar que sem você eu me perderia, que sem você eu sairia perdendo, que só você era capaz de sair dessa por cima e eu que ficaria chorando e me lamentando, quando na verdade, esse teu jeito egocêntrico e inseguro era só um jogo pra fazer com que eu continuasse na tua. A verdade é que sem você, eu finalmente me encontraria, e tomaria pra mim aquele inteiro de mim que insistia em te dar e você esnobava. Eu te enxergava como a pessoa mais inteira que eu poderia ter, como o amor mais sincero e real que poderia sentir. Me diziam que amor a gente encontra só uma vez na vida, e isso estalava na minha cabeça toda noite.

Eu perdia tanto tempo achando que: ‘tem que ser você”, ”tem que ser”. Eu me doava ao máximo e me decepcionava
porque você sempre me fazia criar grandes expectativas, dizia que iria mudar um dia, me pedia paciência. Me diziam que você só me fazia mal, só fazia besteiras. Eu sempre boba achava: ”ele me ama, não fez por querer”. Eu achava que me rastejar aos seus pés era o suficiente pra mim, que pedir por um amor reciproco ou por algo que não machucasse enquanto continuava nessa tua viagem sem destino, já estava bom pra mim. Eu quero dizer que nesse teu jogo que eu tive de perder pra me encontrar, aprendi que migalhas não servem pra mim e lamento por você ser tão pequeno como pessoa e tão sem atitude no amor.








Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .