POR LUCIANA CHARDELLI

A amizade é um amor que nunca morre.
(Mario Quintana)

A felicidade de amar, ou o amor como contentamento, está intimamente ligado à amizade e não poderia ser relativizado, tampouco limitado à paixão ou carência.

Não que a carência, condição que todos experimentamos, com maior ou menor intensidade, esteja excluída do amor. Tampouco, a paixão, afinal, como garante Hegel: “Nada de importante neste mundo se realizou sem paixão.” Ou como disse Nelson Rodrigues: “Sem paixão não dá nem para chupar um picolé.”

Não há amor feliz enquanto este for ausências particulares, carência. Nem tranquilo enquanto for apenas paixão. A amizade nos alegra enquanto nos afirma, nos sacia, nos tranquiliza.

Por isto o amor está tão conexo à amizade, porque amo o que está e não o que desejo; desejar pressupõe falta. Só desejo o que me falta.

A Amizade pode ser mais admirável do que o amor, pois não se pode ter amizade plena por quem não nos tem amizade, mas pode-se amar, ainda que com algum sofrimento, quem não nos ama, mesmo que por um tempo determinado. Amar com amizade é portanto a verdadeira equação da alegria.

O amor é o laço produzido entre amigos. Amigos concretos, verdadeiros se frequentam, riem e choram juntos, se ajudam e vivem uma troca saborosa com todos os elementos que não encerram definições.

Sem amigos a vida pode ser muito sem graça; sem amizade o amor pode ser muito previsível.