Não vai julgar o outro pelo volume das lágrimas nem dizer que é fraco por não saber se sustentar sozinho dentro de uma dor.

Um amigo sempre possui inclinação para a escuta. Mesmo que esteja quebrado por dentro, vai se reconstruir às pressas para oferecer assistência.

Realiza blitz no passado enquanto procura a memória certa para acordar a esperança do outro.

Costuma repatriar a alegria pela infância. A infância é uma veneziana que abre o sorriso por dentro. Um saída emergencial, uma manobra que dribla o fluxo do sofrimento.

Dentro de poucos instantes, estarão imersos nas fotografias antigas, a revirar as lembranças com a pá da saudade.

O tempo vira um túnel invisível entre a maturidade e a meninice.

Um cordão de amarrar sonhos em nuvens. Uma árvore que desabrocha risadas.

Um varal, onde se permite abandonar o que pesa e resgatar a ternura.

O tempo vira um retroprojetor colorido, onde é possível inventar matizes e enfeitar os dias opacos.

Um amigo é sempre o olho mais lúcido quando a nossa miopia entristece a realidade.

É um vidente com as cartas na manga. Um plantonista que reabilita sonhos enquanto a nossa fé cochila.








Ester Chaves é uma escritora brasiliense. Graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília e Pós-graduada em Literatura Brasileira pela mesma instituição. Atuante na vida cultural da cidade, participou de vários eventos poético-musicais. Já teve textos publicados em jornais e revistas. Em junho deste ano, teve o conto “Os Voos de Josué” selecionado na 1ª edição do Prêmio VIP de Literatura, da A.R Publisher Editora. É colunista nos sites “Conti outra, artes e afins”, “A Soma de Todos os Afetos”, “Escritos Meus”, “Fãs da Psicanálise”, “A Mente é Maravilhosa” e “O Segredo”.