Saber um mínimo sobre a história da pessoa poderá nos manter mais seguros quanto às nossas investidas, pois amores mal resolvidos podem vir a ser resolvidos conosco no meio deles. E daí a gente sobra.

A pessoa se envolve com alguém e se joga. Esse alguém acabou de sair de um relacionamento de anos. O ex desse alguém reaparece das cinzas. Eles voltam e a pessoa fica a ver navios. Quem não conhece alguém que se machucou dessa forma? A sabedoria popular já nos aconselha a não meter a colher entre marido e mulher, nem entre ex daqui e ex dali, acrescenta-se.

É verdade que muitas vezes – talvez quase sempre – o nosso coração se encaminha à revelia de nossa razão, levando-nos a encontros com quem não transmite segurança, com quem não nos merece, enfim, de quem deveríamos manter uma distância segura. E então a gente vai se envolvendo com a pessoa de uma maneira cada vez mais forte e intensa, de início sem ficar analisando muito suas bagagens.

De repente, quando percebemos, já estamos enredados na vida de uma pessoa, já estamos apaixonados. É claro que ninguém ficará agindo como detetive, investigando os antecedentes do novo parceiro, antes de acionar os sentidos amorosos, pois sentimentos não funcionam dessa forma. Porém, saber um pouco da história do parceiro poderá nos manter mais seguros quanto às nossas investidas, pois amores mal resolvidos podem vir a ser resolvidos conosco no meio deles. E daí a gente sobra.

Não poderemos evitar a todos que já se envolveram fortemente com alguém, uma vez que essas experiências são capazes de tornar as pessoas cada vez mais seguras do tipo de amor que necessitam partilhar. Quem rompe relacionamentos intensos geralmente sai mais forte e capaz de não voltar a repetir os vícios e comportamentos que minam a convivência afetiva. Há sempre quem aprende e melhora após falhar em algum setor de sua vida.

Na verdade, a gente percebe quando o parceiro – tenha ele algum ex ou não – está se dedicando com inteireza ou se ainda hesita e se poupa, ou seja, a gente se engana até certo ponto e, depois, deixa-se enganar, por comodismo, temor, insegurança, o que quer que seja. Não podemos fugir ao amor, ao arrebatamento que nos toma ao encontrar alguém que nos toca, porém, caso a reciprocidade penda muito somente para o seu lado, é hora de cair fora.

Resguardar o que temos de melhor aqui dentro, para compartilhar com quem traz retorno verdadeiro, sempre será a melhor forma de mantermos nossa meta de felicidade livre de machucados. Porque felicidade é amor que encontra correspondência.








Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.