Era uma vez um pequeno garoto cheio de sonhos e fantasias acerca da vida. Vivia em um lugar afastado de todas as outras pessoas e não se importava com isto, para ele era o mais lindo e grandioso palácio de todos os mundos, cheio de árvores e pássaros cantando por todos os lados, o verde tomava conta da paisagem, o jovem sonhador adorava passear aos córregos onde a água corria livremente e permanecia horas e horas conversando com seus amigos, se me recordo bem um deles se chamava Frederico e era o guardião das terras mágicas de outro mundo qualquer. Frequentemente sentava-se ao luar para observar as estrelas e para imaginar tudo o que poderia acontecer fora daquelas barreiras. Apesar de tudo, o mundo a sua volta era um lugar maravilhoso, príncipe, rei, duende ou fada, sim ele podia ser o que quiser.

Estava tudo tranquilo até que de repente algo incontrolável e impossível de mudar aconteceu, o tempo passou. Aquele pobre garotinho crescia cada vez mais, e a cada fase novas histórias, um novo brilho no olhar e uma esperança no coração, era meados de 2004 quando o jovem príncipe foi obrigado a deixar seu palácio e enfrentar um mundo totalmente diferente do que estava acostumado. Era tudo diferente, andava pelas ruas e tudo o que via era estranhos complexados por algo que ainda não entendia, tentava entender o que eles pensavam, mas era impossível.  Sem poder lutar contra isto, apenas aceitou as mudanças. Mas eles não sabiam de uma coisa, eles não sabiam tudo o que o pequeno príncipe guardava dentro de si.

O tempo sem dar uma pausa para descanso continuou a passar e ele adorava soprar as velas, foram as de sete, oito, nove e a lembrança do melhor bolo de chocolate de sua vida, as velas foram sendo sopradas e a cada dia tudo se complicava mais, era cada vez mais difícil lidar com os seus demônios.  Aquela criança sonhadora que emitia felicidade deu lugar a uma nova face, uma a qual preferia viver num mundo imaginável a enfrentar a realidade, uma face que vivenciou os piores pesadelos e que apesar de tudo guardava todos os seus problemas para si mesmo, todos eles trancados a sete chaves em um mundo inacessível e repleto de inseguranças e incertezas. Foram tempos difíceis de constantes inconstâncias, de medos incontroláveis e de profundas incertezas.

“Sopre e faça um desejo – eles diziam.” Treze, quatorze, quinze, mas em nenhum momento seus desejos se realizavam, sua vida se tornara um filme em preto e branco, suas ações se tornaram mímicas sem graça e sem sentido que não eram dignas de um público. Estava tudo incontrolável, lhe arrepiava relembrar do passado e temia cada vez mais o futuro, seu presente era um globo de neve estragado, sem emoção e nenhuma vida. Mas algo inédito aconteceu, o garoto se olhou no espelho e não gostou do que viu, rapidamente decidiu tentar mudar e pra isso precisava se encontrar. Todos os obstáculos deram lugar à coragem e depois de muito tempo ele fez uma escolha diferente, ele se escolheu.

A partir daí damos lugar a um novo capítulo, um novo trecho que delimitou um novo rumo ao jovem que com as mãos sujas de tinta dava vida a sua primeira criação, algum tempo depois cansou desta coisa de pintor e se decidiu cantor, ator, modelo e doutor, novamente se notava a criança de que gostávamos e sim, ele podia ser o que quisesse. O tempo passou e novas escolhas foram sendo tomadas, a cada passo um aprendizado e a cada esquina uma história para se contar. Pessoas entraram e saíram de sua vida, algumas deixaram grandes marcas e outras grandes aprendizados. O príncipe amou verdadeiramente pela primeira vez e adivinhem!? Tudo foi por água abaixo, mas apesar de toda a dor o jovem escolheu novamente seguir em frente, percebeu que um relacionamento não é baseado apenas em amor e depois de muito tempo escolheu seguir em frente e mais uma vez se escolheu. Pela primeira vez em toda a sua vida, resolveu deixar as coisas no ar, deixar o tempo cuidar de tudo e o destino trabalhar por si só.

Lembro-me de vê-lo observando as estrelas e de notar em seu olhar um brilho diferente, era algo que determinava quem ele era e no que se tornara, é impossível explicar com palavras o orgulho que senti quando o abracei e notei suas lágrimas escorrerem, não por tristeza e sim pelo simples fato de sentir demais e mesmo assim ser forte o bastante para continuar em frente… e foi exatamente isto que ele fez, seguiu em frente. Com o passar do tempo eu o vi se arriscar várias e várias vezes e foi desta forma que o pequeno príncipe se tornou um pequeno grande homem e consequentemente tinha um grande sonho e este não desistiria de alcançar. Lembro de ele enxugar suas lágrimas, olhar uma última vez para as estrelas e me dizer: “Um dia você se verá feliz por ter estado triste. Um dia entenderá que o destino realmente faz sentido, e que a falta de sentido ainda era caminho.” E foi assim que nos despedimos, eu passado disse um último adeus e ali permaneci observando-o caminhar sobre o luar, era obvio que nossas memórias se tornariam uma marca em nossos corações, mas elas eram passado e sendo assim um capítulo foi encerrado para que outro maior e mais intenso possa começar e eu sentia que desta vez tudo seria diferente. Estava na hora de seguir em frente e deixar o passado no lugar dele.








Procure entender-me entre a razão e a emoção e a as constantes incertezas que variam em minha mente. Desculpe-me se um dia lhe confundir entre as dramatizações da vida e a minha intensa busca pelo desconhecido. Estudante de Psicologia e um grande amante da escrita. Estão prontos para embarcarem neste devaneio?