Este texto é uma recompensa para uma pessoa muito querida que colaborou no projeto “Lola & Benjamin“! A história tem as suas dificuldades, mas não deixa de ser linda ❤ Ah, e terá um trechinho publicado no livro!

Todos os dias ela pensa nele. Todos os dias ele pensa nela. Não deixam de se falar, mas também não se permitem esquecer de que há algo os separando. É esquisito como a distância se faz tão presente o tempo todo. “Como foi o dia no trabalho dele?”‘; “Será que ela ainda gosta daquele seriado?”

Não sabem dizer se no dia de amanhã encontrarão um novo amor na esquina de casa. Por mais que essa possibilidade cause certa aflição, continuam imaginando como seria se estivessem juntos. Continuam pensando como seria se não houvesse um oceano entre eles. Se apaixonar por outra pessoa é uma chance muito pequena quando ainda se está tão envolvido com alguém, mas não negam que mesmo essa chance sendo pequenininha, causa certo rebuliço no estômago todos os dias.

Já saíram com outras pessoas, mas nada muito sério. O pensamento e o coração sempre acabam preferindo viajar alguns milhares de quilômetros até outro país, do que se contentarem com o que a terra natal tem a oferecer. Justo. Talvez, o que esteja lá fora seja muito mais interessante do que aquilo que se senta ao lado deles no dia a dia.

E apesar da inevitável voz que continua gritando todos os dias, “Isso não vai durar, isso não vai durar”, a vontade e persistência parecem sempre superar o medo de a qualquer momento receber uma notificação via Whatsapp informando que ele(a) se apaixonou por outra pessoa. Se não assumiram de verdade algo sério até agora, provavelmente é devido ao medo de se entregarem demais e não chegarem a lugar nenhum.

Até porque se comprometer com alguém que está a milhares de quilômetros de distância não é tão fácil assim. E por mais que no fundo ambos saibam que estão esperando um pelo outro, ainda não há coragem o suficiente para colocar a cara para bater.

Um ano já se passou e parece que a data de validade desse amor só tem sido postergada. Não há distância, borboletas no estômago, ou saudades que pareçam ser capazes de frear o que o coração continua querendo. Acho que muita gente já teria colocado um ponto final nisso há muito tempo. Algumas pessoas preferem sofrer tudo de uma vez, enxugar as lágrimas e se obrigar a focar em algo novo para o futuro. Outros, no entanto, preferem persistir naquilo que acreditam ter força o suficiente para continuar em pé.

Eles são assim. Não conseguem terminar aquilo que ainda não chegou ao fim. Afinal, como acabar com algo que ainda está tão vivo? Às vezes, precisamos ir até o fundo, espremer tudo o que tiver pra viver ali, e só então desistir. Até porque desistir é um ato de coragem. É preciso força para deixar um amor para trás. É preciso coragem, MUITA coragem.

Ninguém sabe o que vai acontecer com eles. Eu tenho as minhas apostas, mas prefiro mantê-las guardadas e ver o desenrolar dos próximos capítulos. Mesmo assim, posso dizer que sou a favor de qualquer tipo de amor – os que residem no mesmo CEP e os que são separados por oceanos. E mais: acho que quanto maior a vontade de fazer dar certo independente das dificuldades, maior é a prova de que o sentimento é verdadeiro. Afinal, é muito mais fácil jogar a toalha e partir para outra. Só os que amam de verdade continuam acreditando e persistindo. E isso é o que mais me admira neles.








Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.