Amor é não ter medo do fim. É a intensidade do presente, a entrega total ao momento em que se vive porque quando se ama tudo vale a pena. O fim pra quem ama não existe porque cada ato de amor é eterno. O amor é maior do que o relacionamento, maior que o tempo, maior que as mudanças.

Quem ama não tem medo de ser lembrança, porque sabe que será bonita. Não tem medo de ser esquecido, porque sabe que é impossível. Não tem medo do futuro porque sente que ele é logo ali.

Ser metade é ter medo de não conseguir respirar sem o outro, é adiar o fim de um relacionamento que já acabou por medo de não encontrar a outra metade. É dormir com medo de acordar, acordar com medo de viver. É instinto de sobrevivência que causa ciúme, que faz o mundo do outro parar de girar.

Metade é meio. É ter meias-amizades e meios-interesses. É meio-que gostar de Strokes, panacota de frutas vermelhas e inverno. É a falta de certeza sobre tudo que faz não ser inteiro em nada.

É estar sempre em cima do muro, porque não existe decisão aos 50%. É a falta de democracia absoluta de um relacionamento – e não o contrário, como pode parecer. É ser do outro, ao mesmo tempo em que se quer ser de si mesmo. É se sentir invasivo ao ser 51%, invadido ao ser 49%.

Amor não é meio, nunca. Não existe meio sabor, meio tesão, meio desejo. É dois querendo direções opostas e conseguindo encontrar um novo caminho. Não é espaços divididos por uma linha reta, mas a vida dividida em ondas como as do mar.

Para quem ama não existe meio-termo, meia-idade, meia-água, meio-tom. Amor é exclamação, juventude, mansão, gritaria. Ser metade é dúvida, velhice, casebre, sussurro. É não conseguir abraçar o outro por completo, só ouvir os graves ou os agudos da sinfonia completa que é o sentir que faz sentido.

Amor é viver a plenitude do encontro que acontece na hora certa. Nem antes, nem depois. Quem se divide ao meio para conquistar um grande amor acaba encontrando na insegurança a sua principal metade.








É jornalista e trabalha com assessoria de imprensa.