Não se sabe ao certo o que levou Deus a deixar ferir Seu próprio coração. Não existem palavras que possam expressar a grandiosidade desse feito.

Talvez seja loucura por parte de Deus. Ele deve ser mesmo louco de amor por cada um de nós.

Alguns, mais descrentes, poderiam até dizer que seria impossível um Deus amar assim, de forma tão desmedida.

O certo é que não sabemos fazer essa análise, nem merecemos o óbvio resultado dela. Ele, melhor que nós, sabe dizer a largura e a profundidade de Seus sentimentos.

O fato é que Deus, não podendo mais fazer caber o amor em Seu peito, o deixou que fosse transpassado. Do coração de Deus, incapaz de conter todo amor ali reservado, transbordou o mais puro e verdadeiro afeto.

Provou com isso que o amor deixa marcas e que sofrer se conjuga no mesmo tempo que o verbo amar. Deixou-nos a lição incontestável de que quem ama, seja a vida, seja seus inúmeros aspectos, passará pelo processo, indolor ou não, de receber feridas e de fazê-las cicatrizar.

A caminho do Calvário nosso Deus nos ensinou que se morre de amor, e por ele se torna a viver. Que as quedas fazem parte do trajeto, na mesma proporção em que ombros solidários se colocam à disposição quando a caminhada se torna árdua demais .

Do coração transpassado brotam as respostas para nossas perguntas mais inquietantes. De onde viemos e para onde iremos, com nossos tantos sofrimentos, Ele faz-nos saber. Viemos do amor e ao amor voltaremos. E todos os obstáculos que tivermos enfrentado servirão apenas para enaltecer a beleza dessa chegada.

É absolutamente indispensável que aprendamos a passar com dignidade pelos percalços, valorizando e suportando os ferimentos do nosso coração. Existe dignidade nisso, pois se não fosse assim nosso Deus não teria se deixado ferir.

Deus olha para seu coração transpassado de dor e pretende te curar de seus males. Aceite e se entregue à Seus cuidados.
Corações alanceados não assustam nosso Deus.

Acredite, Ele entende bem disso.








Administradora por profissão, decidiu administrar a própria casa e o cuidado com suas duas filhas, frutos de um casamento feliz. Observadora do comportamento alheio, usa a escrita como forma de expressar as interpretações que faz do mundo à sua volta. Mantém acessa a esperança nas pessoas e em dias melhores, sempre!